Autárquicas em tempo de pandemia

«Estranhamente, e erradamente, o presidente do PSD, Rui Rio veio defender o adiamento das eleições, do outono para o inverno»

Apesar da pandemia, e porque há vida para além do Covid-19, este é o tempo da preparação das candidaturas às próximas eleições autárquicas.

E se é óbvio que o processo de escolha dos candidatos terá sofrido algum atraso por causa do confinamento, na generalidade dos concelhos da região o processo está aberto e as escolhas começam a ficar a definidas, seja no PS ou no PSD.

Desde logo, onde se é poder. Isto é, nos concelhos onde o atual presidente de Câmara tem menos de três mandatos, este será candidato. E se há algumas dúvidas em relação a Seia (o PS escolherá através de eleições internas – diretas), onde o atual presidente não poderá renovar o mandato, em Foz Côa o candidato do PSD deverá ser o atual vice-presidente João Paulo Donas Botto, tal como no Sabugal, onde António Robalo cumpre o terceiro mandato e o candidato do PSD será agora Vítor Proença, atual vice-presidente da autarquia. Em Aguiar da Beira Joaquim Bonifácio (independente eleito com o apoio do PS nas listas do movimento “Unidos pela nossa terra”), e que cumpre este ano o segundo mandato, não deverá continuar e os socialistas deverão apoiar, de novo, uma lista independente, enquanto na Mêda o candidato do PS será o atual autarca Anselmo Sousa. Em Trancoso, Amílcar Salvador (PS) irá candidatar-se ao terceiro mandato e deverá ter como principal adversário, pelo PSD, o antigo vereador João Carvalho. Em Pinhel, Rui Ventura será o candidato ao terceiro mandato pelo PSD, em Almeida o candidato laranja será António Machado e em Gouveia o PSD pretende manter a autarquia com Luís Tadeu. Em Figueira de Castelo Rodrigo a presidência é do PS, com Paulo Langrouva, que será candidato a um terceiro mandato, enquanto o PSD deverá repetir a candidatura de Carlos Condesso, agora presidente da Distrital laranja. Manuel Fonseca será o candidato do PS a mais um mandato em Fornos de Algodres e em Celorico da Beira Carlos Ascensão irá encabeçar a lista do PSD para tentar renovar o seu mandato. Em Belmonte, o candidato do PS para mais um mandato, será António Dias Rocha (PS) e no Fundão o PSD volta a confiar em Paulo Fernandes para mais um mandato. Vítor Pereira será o candidato socialista na Covilhã onde a direita se juntou para uma aliança que ainda não definiu candidato, enquanto João Morgado é candidato independente.

Em Manteigas, Esmeraldo Carvalhinho será de novo candidato pelo PS, depois de ter sido “querido” pelo PS para a Guarda, escolheu o compromisso com «as gentes» de Manteigas.

Estranhamente, e erradamente, o presidente do PSD, Rui Rio veio defender o adiamento das eleições, do outono para o inverno – procurando por antecipado a justificação para um eventual mau resultado: a culpa será da pandemia. O presidente do PSD tem vários focos de tensão para resolver e candidatos a escolher, do Porto a Lisboa, passando pela Guarda. Rio chamou a si a responsabilidade de ser ele a decidir quem serão os candidatos nas principais cidades e definiu que: onde é poder, apoie-se quem está na presidência; entre 1 de fevereiro e 31 de março os órgãos debatem e apresentam as suas propostas; no final é ele quem escolhe… E deverá escolher Carlos Chaves Monteiro. O presidente da concelhia do PSD, Sérgio Costa, transformou-se no maior opositor do executivo do PSD, e sugeriu apenas um nome, o seu, para candidatar à autarquia. Porém, como se percebeu na última Assembleia Municipal, a sua persistência e os ataques constantes ao presidente da Câmara estão a fragmentar o partido, a afastar eleitorado e a isolar o vereador sem pelouros. Enquanto o PS já escolheu António Monteirinho, o PSD só deverá decidir no final de março, mas, até lá, até a pandemia joga a favor de Chaves Monteiro: o confinamento, a crise social e a crise económica serão cada vez mais efetivas e quem está no poder é o primeiro aliado e apoio de todos. Numa altura em que não se sabe o que poderá valer o Chega em eleições autárquicas, falta perceber o que fará Sérgio Costa (entrará em ruptura com o PSD e avançará com uma candidatura independente, o que, perante o novo quadro legal, será extraordinariamente complicado?).

Em março se verá…

Sobre o autor

Luís Baptista-Martins

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