As árvores e o clima

Escrito por António Costa

“O clima é o fator mais importante na definição do tipo de vegetação. É o somatório dos fenómenos meteorológicos ao longo de cada ano e de muitos anos.”

Com a chegada do Outono é possível apreciar paisagens arbóreas onde as folhas das árvores assumem uma variedade cromática bastante significativa criando quadros naturais de extrema beleza. No centro destas paisagens cromáticas encontram-se as árvores de folha caduca.
As árvores surgiram pela primeira vez na Terra há cerca de 300 milhões de anos, durante o período do Carbonífero, como cavalinhas, fetos arbóreos e licopódios. Hoje, as árvores vivem em quase todos os climas, assumindo uma variedade espantosa de formas. Algumas crescem até atingir cerca 116 metros de altura, enquanto outras chegam a viver mais de mil anos.
O clima é o fator mais importante na definição do tipo de vegetação. É o somatório dos fenómenos meteorológicos ao longo de cada ano e de muitos anos. O clima pode ser descrito em grandezas como a precipitação anual, as temperatura média e máxima, a humidade e a velocidade do vento nas diferentes estações, e a frequência de geada e neve. No caso da precipitação, a sua distribuição ao longo do ano é tão importante como a sua quantidade total: nas regiões onde a precipitação predomina no Inverno crescem tipos de florestas diferentes das que se observam em regiões onde a precipitação se concentra no Verão.
O clima é condicionado pela distância do Equador, altura em relação ao nível do mar e proximidade dos mares ou oceanos. No hemisfério Norte, onde as regiões árticas dos principais continentes que ocupam quase todas a superfície setentrional da Terra, o fluxo para sul das massas de ar muito frias que ocorre no Inverno afeta os climas em latitudes muito mais baixas, como a Europa Central, o Leste da China e o centro dos EUA, provocando temperaturas mínimas no Inverno bem inferiores às das latitudes equivalentes no hemisfério Sul.
Cada uma das espécies de árvores está adaptada a certas condições climáticas. A tolerância climática de uma árvore é sobretudo fisiológica, dependente da química e da física das células vivas e da seiva que trocam entre si, embora as estruturas anatómicas sejam igualmente importantes. Esta tolerância evoluiu ao longo de milhões de anos e não se altera com facilidade, por exemplo, por reprodução seletiva. Ainda que os silvicultores investiguem a precedência das espécies arbóreas, preferindo as originárias das regiões mais frias, conseguem apenas aumentar um pouco a resistência das mesmas, conseguindo que tolerem uma temperatura ligeiramente inferior ao habitual na espécie. As árvores de climas frios também não prosperam em climas quentes, nalguns casos morrendo com as primeiras ondas de calor estival – embora seja mais frequente não produzirem flores nem frutos, devido à ausência das mudanças sazonais necessárias para desencadear o rebentar das folhas, a floração ou a frutificação.
A distribuição geográfica de uma espécie arbórea não é determinada apenas pela tolerância climática.
São muitos os fatos que podem concorrer para que a distribuição geográfica seja reduzida, dos quais o mais evidente é a existência de barreiras, como oceanos ou cordilheiras montanhosas.
Refira-se que a distribuição atual resulta de um complexo historial de acontecimentos que se estende por muitos milhares ou milhões de anos, à medida que as espécies iam disputando o espaço entre si, o clima mudava e a superfície da Terra sofria alterações, como a elevação do terreno, a erupção de vulcões e o aparecimento de glaciares.

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António Costa

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