Arquimedes, o mestre militar e sábio tranquilo

Escrito por António Costa

“O prestígio de Arquimedes durante a Idade Média era tão grande que lhe foram atribuídos trabalhos que não tinha realizado.”

Muitos conheceram Arquimedes como um dos maiores sábios da humanidade, mas poucos conheceram a forma como morreu. Nasceu em Siracusa, no ano 287 a. C., e morreu nessa mesma cidade às mãos de um soldado romano, no ano 221 a. C.. Siracusa resistiu durante dois anos ao cerco dos navios e das tropas comandadas por Marcelo, oficial do exército romano. Arquimedes dirigiu a resistência, concebendo todo o tipo de máquinas de guerra para destruir as embarcações e repelir os ataques. Ao conquistar a cidade, Marcelo, que admirava Arquimedes, mandou chamá-lo com a intenção de o conhecer e de lhe prestar homenagem. O soldado que o foi chamar enfureceu-se porque Arquimedes estava ensimesmado nas suas meditações, tendo pedido que o não incomodassem, e, por isso, o soldado acabou por matá-lo. Marcelo ordenou que o sábio fosse enterrado com todas as honras.
São bastantes os trabalhos de Arquimedes que lhe sobreviveram. A ele devemos as leis da alavanca, o cálculo do centro de gravidade de vários corpos geométricos, uma série de teoremas e fórmulas geométricas e, naturalmente, o seu princípio sobre a flutuabilidade dos corpos. O prestígio de Arquimedes durante a Idade Média era tão grande que lhe foram atribuídos trabalhos que não tinha realizado.
Em finais do século XX, reapareceu um valioso documento com vários livros de Arquimedes. Trata-se do palimpsesto de Arquimedes. “Palimpsesto” é o nome que se dá a um texto que foi escrito sobre outro texto. Esta era uma prática relativamente comum na Idade Média, visto que se reutilizavam os livros face à escassez de papel. O palimpsesto de Arquimedes é um livro de orações, escrito em grego, em 1229. Os monges que o escreveram fizeram-no sobre o tratado que continha vários livros do sábio grego e que datava, por sua vez, do século X. Graças às técnicas mais modernas de fotografia, restauração e tratamento de imagens, foi possível recuperar uma boa parte do material original. Atualmente, constitui uma das fontes mais completas e fidedignas sobre a obra de Arquimedes.

Sobre o autor

António Costa

Leave a Reply