Dizem os antigos que os anos bissextos podem trazer desgraça e infelicidade.
Para além de trabalharmos mais um dia e não recebermos, o 29 de fevereiro é também conhecido como o dia em que as mulheres pedem os homens em casamento e nalguns países os casais evitam dar o nó porque afirmam que isso traz azar. Os homens dos números têm de fazer contas arredondando o valor do PIB e a grande minoria, cerca de 5 milhões em todo o mundo, cumprem o aniversário no último dia do mês. A 25 de janeiro começa o ano chinês, este ano dedicado ao primeiro animal dos 12 signos do zodíaco: o rato. O tal que tem algumas qualidades – inteligente, procriador, hábil, mas o primeiro a abandonar o navio.
Vamos então a factos:
O ano que agora começa fica marcado pela aprovação do Orçamento de Estado verificando-se que a valorização do interior é um processo de autêntica desvalorização que nem os “fait-divers” das Secretarias de Estado conseguem fazer esquecer e desviar atenções. Sabe-se agora que “nuestros hermanos” vão deixar de pagar as autoestradas, o salário mínimo ultrapassa os 1.000 euros e os combustíveis ficam muito abaixo da roubalheira aqui praticada. O orçamento que amanhã algumas de Sªs senhorias aprovarão é uma vergonha descarada assemelhando-se à tal política de merceeiro, que, de lápis atrás da orelha, vai fazendo contas no sebento livro do deve e haver, baseado no conhecido conceito mercantilista e avarento do tio Patinhas, escondendo números, e será executado ao pormenor por alguns ratos e uns quantos patetas. Que o digam os funcionários públicos brindados com 3 ou 4 cafés/ mês ou todos nós, que todos os dias sentimos na pele o que se passa e continuará a passar no sector da saúde. Duas opções para este sector: estar no público ou no privado e as célebres parcerias, a havê-las, só mesmo por exceção. É obrigação do Estado investir na saúde. Salvem o SNS.
Sem contar aqui a verdadeira história de Solimão, sempre direi que Napoleão aparece sempre em Bonaparte e no sábado ficaremos a saber se haverá ou não segunda volta para a eleição do presidente do PSD num congresso que será naturalmente disputadíssimo. Em janeiro assistiremos também ao congresso do CDS-PP e a uma eventual reorganização da direita democrática que nas últimas eleições praticamente se esfumou.
Para meados do ano Portugal irá defender o título de campeão europeu de futebol e também gostaríamos de trazer muitas medalhas olímpicas. É contudo deveras importante e, quiçá, interessante entendermos qual será o timing, já mais que estudado e calculado, da recandidatura do habitante do palácio “pink” e a expectante posição política do PS em relação a isto, pois, para além do Presidente da República extravasar todas as funções presidenciais, vai assegurando a Costa a estabilidade da governação. No mundo cor-de-rosa de Marcelo nada tem limites e tudo pode acontecer, mas há fenómenos novos e esse escarro político que dá pelo nome de Chega irá marcar presença estragando, em termos percentuais, a matemática megalómana de Marcelo.
Também até ao final do ano ficaremos a saber quais os protagonistas na disputa autárquica do próximo ano. Por cá, pelos vistos a luta já começou e de que maneira.
A tensão entre o Irão e os Estados é sem dúvida algo que nos tem de trazer atentos, gera grande instabilidade no Médio Oriente e este, por seu turno, pode incendiar o mundo. Oxalá tal não aconteça. Como o planeta está é necessário haver vontade, determinação, juízo e muita contenção.
Finalmente. Erro de palmatória em Espanha. No debate de investidura de Pedro Sanchez a linguagem utilizada nada tem a ver com a postura parlamentar (se fosse cá, Ferro via-se grego), percebe-se que a Constituição de 1978 determina que Espanha é um país uno e indivisível, independentemente das 17 regiões autónomas e das 7 línguas oficiais. Sanchez passa por uma unha negra com o apoio do Podemos e, pasme-se, da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e do Partido Nacionalista Basco (PNV) nesta Europa das muitas tentativas de inúmeros separatismos. A ERC tudo fará para manter o seu jogo e Sanchez comete o terrível erro histórico, percebendo-se que Espanha tem toda a probabilidade de este ano ter novamente eleições gerais. Jean Claude Juncker dizia «não quero ver uma União Europeia de 90 Estados daqui a 15 anos».
Num ano que todos esperávamos mais ou menos calmo e tranquilo, afinal vai haver agitação até dizer Chega. É um ano bissexto. Mesmo assim, caríssimo leitor, aquele abraço e o desejo de 2020 repleto de salud, dinero e amor.