Após a convenção do Chega, um jovem rapaz tornou-se chacota nacional por dizer que pensava como André Ventura, embora não soubesse dizer o que André Ventura pensa.
Agora, o olhar da comicidade volta-se para o PS, onde um rapaz novo deu mostras, numa entrevista, de pensar como o líder, embora esse rapaz, chamado Pedro Nuno, pareça não perceber muito bem o que o líder pensa. Embora estivessem sentados na mesma cadeira, Pedro Nuno e o líder do PS raramente se entendem um ao outro, e quase nunca se fazem entender.
Mas há um assunto em que Pedro Nuno Santos é exímio. Embora seja neto de sapateiro, é filho de empresário. E por isso, sempre que uma empresa está a falir, Pedro Nuno Santos põe-na a dar lucro. Se antes era com o dinheiro do pai, agora é com o dinheiro do povo. No fundo, os portugueses são um pouco como o pai do líder socialista. Podem ter origens humildes, mas não se poupam a custos para financiar as aventuras do traquina Pedro Nuno.
O resultado, no entanto, é magnífico. Segundo este génio da contabilidade que quer governar o país, a TAP dava cem milhões de euros de prejuízo e tem agora um lucro de duzentos milhões. Teve, portanto, um crescimento de trezentos milhões. Pedro Nuno Santos gaba-se de ter recuperado trezentos milhões depois de gastar três mil milhões. É como comprar um carro novo e ficar só com o pneu suplente.
Mas o candidato a primeiro-ministro não é só um génio na aviação. É um conhecedor profundo da ferrovia, da rodovia e da ciclovia. Não sabe quanto custam os bilhetes, acredita que os comboios andam cheios de gente (quem sabe até como na Índia, onde as pessoas viajam em cima das carruagens), não conhece os horários, mas gostaria muito de viajar de comboio, só que a vida de ministro – que abandonou há um ano – não lhe permite. A partir de Março, a salvação da ferrovia não terá paragem em nenhum apeadeiro.
Essa mesma vida que não lhe permite andar de comboio é a que o impede de levar os filhos à escola pública que ele jura amar e nunca abandonar, e obrigar todos os filhos de todos os portugueses que não são ministros a frequentar.
Do que Pedro Nuno Santos não pode ser acusado é de favoritismos e de usar o dinheiro dos contribuintes em proveito próprio. Quando chegar ao Governo, a sua ambição é torrar dinheiro à farta em coisas de que não gosta e serviços que não usa.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia