(Soneto)
Amor é dinheiro, mas eu quero amor;
se o dinheiro é amor, eu quero dinheiro…
p’lo dinheiro, perdi o meu amor;
p’lo meu amor, renego o meu dinheiro.
Carregado, já, de tanto dinheiro,
com dinheiro, perdi o meu amor…
mais valera nunca ter dinheiro,
se, por dinheiro, te perdi, amor.
O meu amor, agora, é o dinheiro;
sim, dinheiro, és tu, o meu amor…
Maldito amor, este amor do dinheiro!…
Bendito tu, meu amor, sem dinheiro,
meu dinheiro, meu oiro, sem amor;
que o meu dinheiro abrase o mundo inteiro!…
Maria Alice Martins, Vila Franca das Naves
(do seu livro de poesia “Grão de mostarda”)