Decorreu na passada semana a SIAL Paris, a maior exposição europeia do sector alimentar.
Duzentos mil profissionais do sector ocorreram à capital francesa para aí conhecerem os sabores, as composições e as embalagens dos produtos que estão a dominar as prateleiras da grande distribuição. O destaque do evento foi a alimentação saudável, com uma parte significativa dos expositores a apresentarem produtos com baixo valor calórico.
Melhor alimentação representará mais e melhor saúde. Mas o bem-estar da humanidade não depende apenas daquilo que consome, mas essencialmente daquilo que proporciona. A título de exemplo, a drástica redução do consumo de cabrito em Portugal tem permitido a acumulação de combustíveis nas nossas florestas, e com isso o aumento significativo da dimensão dos fogos florestais.
Quando escolhemos o menu da ceia de Natal estamos a influenciar os ecossistemas: optar por bacalhau influencia o stock de pescado no Mar do Norte, comer cabrito promove a pastorícia.
Os consumidores já conhecem as certificações como “Fair Trade”, dedicada à sustentabilidade dos agentes que participam na cadeia de valor do produto certificado. Mas o grande desafio que temos pela frente é a sustentabilidade dos ecossistemas e não apenas dos direitos humanos e comerciais do sector alimentar.
Torna-se urgente a afirmação das certificações dos produtos e das indústrias que promovem a sustentabilidade dos ecossistemas. O consumidor, o retalhista e o investidor devem ter acesso a essa informação quando decidem por um produto ou produtor. Uma marca de leite que está associada a uma indústria poluidora de um rio não deve ser confundida perante os agentes e consumidores com outra que está comprometida com a qualidade dos serviços dos ecossistemas em que participa, isto é, com o ambiente.
Estarão os consumidores preparados para responderem aos desafios da alimentação sustentável?
* Presidente da APMRA – Associação Portuguesa de Marketing Rural e Agronegócio