Albert Einstein

Escrito por António Costa

Seis anos antes de morrer, o cientista mais popular de todos os tempos estava muito consciente de se ter transformado numa figura pública. Einstein atribuía a atração que causava na sociedade à aura de mistério e complexidade que rodeava as suas teorias, mas não há dúvida de que a sua biografia, com elementos de sobra para alimentar a curiosidade extra científica, também favorecia o fenómeno.

Albert Eisntein nasceu em Ulm, no sul da Alemanha, em 1879, no seio de uma família judia. Foi uma criança e um jovem genial e indisciplinado. Incapaz de dar respostas acríticas que lhe exigiam na escola, entregava-se a uma reflexão incansável sobre as questões que despertavam o seu interesse. Em criança, quando o pai, um comerciante sem grandes dotes para os negócios chamado Hermann Einstein, lhe mostrou o funcionamento da bússola, sentiu-se fascinado pela força magnética que acionava o mecanismo. Não tardou a imaginar a experiência que lhe permitiria perseguir e a alcançar um raio de luz e viajar pelo dorso.

Em 1896 ingressou na Escola Politécnica de Zurique, depois de abandonar o ensino básico prematuramente, e muito aborrecido. Nesta situação de ensino superior teve professores da estatura do matemático Hermann Minkowsi e conheceu aquela que seria a sua primeira mulher, Mileva Maric. Einstein conseguiu aprovação nos exames finais, apesar do elevado absentismo às aulas.

Em 1902 obteve um emprego pouco exigente, na Repartição de Patentes de Berna, que lhe proporcionava um salário e lhe deixava muito tempo livre para pensar em teorias físicas. Em 1905, o annus mirabillis, saiu do completo anonimato ao tornar pública a Teoria da Relatividade Restrita (além do estudo sobre o efeito fotoelétrico, cujo desenvolvimento lhe valeria o Prémio Nobel da Física em 1921). Em 1909 iniciou a carreira de docente universitário em Zurique. Seis anos depois publicou a Teoria Geral da Relatividade.

No entanto, a sua popularidade estava ainda restrita aos domínios académicos. A transformação numa autêntica celebridade só aconteceu em 1919, ano que teve lugar a expedição de Eddington, que deu o suporte experimental definitivo à Teoria da Relatividade Geral. Conforme o publicitado pelos meios de comunicação da época, as novas teorias do jovem físico alemão tinham destronado a teoria de Newton. A sua fama cresceu rapidamente. Encetou um período de viagens de comboio, barco e avião, com o seu violino sempre por perto, para atender aos múltiplos convites para conferências.

A sua vida, recheada de êxitos e reconhecimentos, não esteve livre de dissabores. Às tragédias históricas da época que lhe coube em sorte (Einstein viveu as duas guerras mundiais e conheceu uma Europa impregnada de antissemitismo; foi em diferentes etapas cidadão alemão, apátrida, austríaco, suíço e norteamericano), viriam juntar-se os problemas familiares. O seu primeiro casamento com Mileva iniciou-se como uma história romântica, interrompida por uma gravidez indesejada e meses de penúria económica. O casamento, do qual nasceram três filhos, acabou numa guerra de ciúmes e censuras. Einstein viria a afastar-se dos filhos e juntou-se àquela que seria a sua segunda esposa, a prima Elsa lowenthal.

Pacifista e defensor fervoroso da solidariedade entre as pessoas, não pôde, nem quis, evitar «a vida diária, com a sua dolorosa crueza e monotonia». Crueza que sofreu na própria pele ao ver como a sua famosa equação de equivalência entre massa e energia teve uma verificação experimental na criação das bombas atómicas que puseram termo à Segunda Guerra Mundial. Em 1939, convicto da possibilidade dos alemães fabricarem a bomba atómica, dirigiu-se ao presidente Roosevelt para lhe pedir que apoiasse essa investigação. Depois de Hiroxima e Nagasáqui, Einstein liderou sem êxito o movimento que procurava uma forma de impedir o uso futuro das bombas.

Einstein costumava dizer que o que mais desejava no mundo era a solidão, encontrar um recanto onde se pudesse entregar à arte e à ciência e explorar o seu sonho de criar uma teoria unificadora de tudo, que abarcasse tanto a relatividade como a física quântica do infinitamente pequeno. Não conseguiu: nem ficou longe do ruído mundano, nem encontrou a relação matemática que lhe teria permitido aceder a essa lei unificadora. Morreu em Nova Jérsia, a 18 de abril de 1955.

Sobre o autor

António Costa

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