A voz familiar da Rádio Altitude

«O rádio que o aconchegava à noite, antes de dormir e o acordava, alegre, pela manhã»

A Rádio também pode estar ligada à saúde e fazer parte de um plano de tratamento. A história da íntima ligação da Rádio Altitude com o Sanatório da Guarda merece ser conhecida e preservada, sobretudo em tempos de pandemia.
Sempre me encantou a beleza do edifício em que ainda hoje funciona e a mata que a rodeia. Habituei-me à sua presença na casa da minha infância: a Rádio Altitude era uma voz familiar. Era ela que nos abria a porta do mundo todas as manhãs. Eu ficava eufórica quando a rádio anunciava “queda de neve nas terras altas”. Para o meu pai, talvez por estar tão alta, tão próxima das estrelas e dos deuses, era um oráculo.
Há precisamente um ano, lembrava numa das crónicas que então escrevi, a relação do meu pai com um pequeno rádio portátil. O pequeno transístor Philips que sempre o acompanhava para todo o lado, fosse para onde fosse. O rádio que o aconchegava à noite, antes de dormir e o acordava, alegre, pela manhã. O mesmo rádio que estranhamente se calou quando o meu pai ficou irremediavelmente doente. Não referi nessa crónica a Rádio Altitude, mas o facto de hoje ela ter chegado até mim com a notícia do novo diretor encheu-me de alegria. Há coincidências felizes. Parabéns, Luís Baptista-Martins!

Inicia colaboração mensal.
Natural da Guarda, Professora na Universidade do Minho

Sobre o autor

Isabel Cristina Mateus

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