Se fossemos cordatos não ligávamos os telemóveis para entreter crianças. Brincar com elas é amar. Trazer umas canetas, jogos de mesa, partilhar tempo importante, é educação. Abrir um aparelho que entretém é prótese. O som ininterrupto das televisões é uma fuga dos olhos que se cruzam, uma forma de evitar as palavras que se abraçam.
As pessoas são muitas vezes diferentes, se completas, se com a gestação total, se com os cromossomas sem travadinhas ou enganos. É esse o paradigma da humanidade – a diversidade e por isso é preciso tolerância, inteligência e respeito nas relações normais. Não resulta o amor sem aqueles três na equação.
Somos mais parecidos na doença. As acromegalias têm sinais que igualam, as síndromes de Down também, os olhares longínquos dos Parkinsónicos, a face fechada dos Esquizofrénicos, o sorriso alarve dos maníacos. Somos mais parecidos nos diagnósticos que na amplitude da normalidade.
Por esta razão, as pessoas quando se relacionam devem confrontar-se na razoabilidade, devem expor suas divergências e tolerar a verdade dos vários. O real constrói-se independente da verdade de cada um e essa é também a história da doença e das certezas temporárias. Hoje, os protocolos fechados, as orientações firmes, amortecem as idiossincrasias e irmanam o inigualável. O treino das crianças faz-se na troca de olhares, na frustração de desejos, na construção de princípios, na imposição de regras que esporadicamente se rompem para libertar as diferenças.
A propósito de comportamentos
“Somos mais parecidos na doença. As acromegalias têm sinais que igualam, as síndromes de Down também, os olhares longínquos dos Parkinsónicos, a face fechada dos Esquizofrénicos, o sorriso alarve dos maníacos. Somos mais parecidos nos diagnósticos que na amplitude da normalidade.”