É habitual ser abordado na rua por pessoas que me pedem para escrever sobre o buraco da rua x ou sobre a sinalização do trânsito na rua y. Não gosto desses temas e por isso é melhor não contarem comigo para interceder junto da Câmara para que esta faça o que tem a fazer. Para isso é melhor reclamarem diretamente junto de quem tem a obrigação e os meios para resolver o problema.
A não ser, é claro, que o reclamante seja eu. O que se segue é um pequeno guia de inconveniências e irritações, espero que fáceis de resolver. Há muitas mais, mas agradeço, e muitos cidadãos da Guarda comigo, que se resolvam as seguintes:
Entre a Escola da Sé e a Rua 5 de Outubro estão sempre apagados quase todos os candeeiros de iluminação pública. Compreendo a necessidade de poupar na conta da eletricidade, mas acredito que haverá formas mais inteligentes de o fazer e com a vantagem de não colocar em risco a segurança dos munícipes.
A rotunda da Alameda de Santo André, que alguns chamam, pelo seu formato, de “Rotunda do Penso Higiénico”, apresenta um piso deformado e com vários buracos. Aceita-se a predileção deste executivo pelas rotundas, ou melhor, pela decoração do centro das rotundas, até porque foi reeleito graças ao seu trabalho nessa área, mas tenho de notar uma coisa: por mais fascinante que seja a decoração da rotunda, o automobilista pensa primeiro no objetivo dela, que é distribuir o trânsito. Ora, se circula à volta de uma rotunda e, fascinado com as maravilhosas obras de arte que a Câmara ali colocou, não toma atenção aos buracos na estrada, partindo um amortecedor, fenecem dois objetivos da coisa, como sejam a circulação e a admiração sem entraves nem distrações das obras de arte com que o município nos agraciou.
As obras da Torre dos Ferreiros poderão ser outra fonte de orgulho dos guardenses, quando estiverem prontas. Sei bem que a Covid e Santa Engrácia conspiraram pelo atraso na sua conclusão, mas não será já tempo de as acabar? Os moradores e os comerciantes da zona desesperam, os poucos turistas que por aqui andam não parecem muito impressionados e a ideia geral é que, se era para ficar assim, mais valia deixar como estava.
Para terminar tenho de falar em árvores. Cortaram-se muitas nos últimos anos, algumas a pretexto de darem demasiada sombra. Hoje, com mais de 30º graus lá fora, depois de passar na Praça Velha e lamentar a falta aí da mais mísera proteção contra a canícula, pensei que podia ser bom haver por lá algumas árvores que quebrassem a nudez monótona daquele lajedo, certamente não pensado para isso, mas bem apropriado para reverberar sobre os transeuntes o calor do sol no Verão. É mais fácil cortar do que plantar, ou manter as árvores que restam. Mas por uma vez vou sugerir que cortem, e no caso milhares de árvores, as que chamam de “árvore da fortuna chinesa”, que infestam estradas e ruas do concelho e têm vindo a substituir as espécies autóctones. Desta vez ninguém iria protestar.