A mudança através da experiência emocional

“O eterno diálogo entre vida e morte, doença e cura, e nas entrelinhas desses diálogos surge o medo, insegurança, raiva, não só para as pessoas portadoras de uma Doença Mental (DM), mas também para quem lida com estes doentes.”

Sabemos que ao longo do ciclo vital cada indivíduo é marcado por situações de sofrimentos e angústias constantes. O eterno diálogo entre vida e morte, doença e cura, e nas entrelinhas desses diálogos surge o medo, insegurança, raiva, não só para as pessoas portadoras de uma Doença Mental (DM), mas também para quem lida com estes doentes.
De acordo com a DGS, a Saúde Mental (SM) é a base do bem-estar, sendo que neste estão integradas as expressões de “corpo são, mente sã” ou ainda “não há saúde sem saúde mental”, quando falamos de SM estamos a falar de capacidade de adaptação às diferentes circunstâncias da vida, superação de crises e resolução de perdas e/ou conflitos, capacidade de reconhecer sinais de mal-estar ou de ter projetos de vida.
Portugal é o país da Europa com maior taxa de prevalência no que diz respeito a patologias mentais e grande parte delas sem acesso a cuidados de saúde especializados, quer no tratamento, reabilitação e manutenção da doença, dados epidemiológicos apresentados pela DGS no Plano Nacional de Saúde Mental 2017-2020.
A Intervenção Psicoterapêutica (IP) vem fomentar a relação enfermeiro-doente, permitindo a criação de uma relação de ajuda, estabelecendo uma relação terapêutica. Assim, a IP pode definir-se como a realização informada e deliberada de técnicas de psicoterapia, tendo como objetivo assistir a pessoa na transformação positiva de comportamentos, emoções ou outras características pessoais. Quanto à técnica, esta é diversificada, pois depende da perspetiva do terapeuta, sendo que para uns há um acordo prévio do número de sessões e frequência, que julgam ser adequadas, para outros, esse acordo é feito ao longo do processo e ainda há outros que têm um número “standard” de sessões, independentemente da problemática, sendo o objetivo final modificar padrões mal adaptativos de comportamento melhorando a sintomatologia e o bem-estar da pessoa. O Enfermeiro Especialista em Saúde Mental e Psiquiatria é fundamental no processo de aumentar o conhecimento da pessoa relativos à sua saúde, de forma a adquirir competências individuais que permitam desenvolver estratégias para a resolução de problemas e para aceitação do seu estado de saúde.
As Psicoterapias Breves propõem-se a modificar os sintomas apresentados, aliviá- los ou mesmo suprimi-los, agindo em função da necessidade imediata que a pessoa traz para o tratamento.
Os diferentes modelos de psicoterapia correspondem a tipos de intervenção e técnicas particulares, tais como psicoterapia cognitiva, comportamental, psicoeducação, entre outras. Os tratamentos não são omissos de indicações e contraindicações, pelo que as psicoterapias não são uma exceção, há que analisar as características individuais, encaminhando para o tratamento que lhe possa trazer mais benefícios, permitindo à pessoa acreditar mais no seu potencial de superação dos sintomas.
Os enfermeiros especialistas têm sido distinguidos pelas suas prestações, através das competências de âmbito psicoterapêutico, que permitem ao enfermeiro desenvolver um juízo clínico singular, promovendo uma cultura de cidadania que vise a promoção da literacia da capacitação das pessoas, de modo a se tornarem mais autónomos e responsáveis em relação à sua saúde.
Desta forma, é importante o investimento dos profissionais e equipas multidisciplinares, de modo a criar projetos consistentes e inovadores na reabilitação da pessoa com doença mental e inserindo-os na sociedade.

Enfermeiras

* Enfermeiras estagiárias de Saúde Mental e Psiquiátrica do Departamento de Saúde Mental e Psiquiátrica, da Unidade local de Saúde da Guarda

Sobre o autor

Lília Marques, Patrícia Saraiva e Sónia Nóbrega

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