Há datas que vão ganhando reconhecimento e importância à medida que o tempo passa. O 25 de Novembro de 1975 é uma delas. Pela primeira vez, em toda a cronografia democrática portuguesa, foi promovida uma sessão solene para comemorar tão relevante acontecimento. A um ano de perfazer 50 anos, finalmente houve coragem, determinação, memória e sentido de responsabilidade, ao trazer para a ordem do dia, com a solenidade que se lhe exige, um acontecimento marcante da nossa história recente e que permitiu aos portugueses manifestarem-se em total liberdade, tal como tinha sido preconizado 19 meses antes.
O 25 de Novembro de 1975 foi o corolário do 25 de Abril do ano anterior. A revolução dos cravos, entre outras coisas, perspectivava a instauração de um regime democrático em Portugal, devolvendo a liberdade entretanto perdida durante a governação do Estado Novo. O início foi auspicioso, no entanto, uma pequena minoria de radicais e extremistas de esquerda tinha uma agenda oculta, extremamente negra e tenebrosa. Com a nomeação de Vasco Gonçalves para primeiro-ministro do 2º Governo Provisório, as forças ligadas ao PCP, um “proxy” da União Soviética, começaram a acalentar a esperança de espalhar os seus tentáculos pelos centros de poder, revertendo e subvertendo o ideal que presidiu a Abril.
No chamado “Verão quente de 1975”, em pleno PREC, a censura tinha-se novamente instalado e as prisões discricionárias tornaram-se uma realidade vivida por muitos cidadãos. O regime autoritário derrubado em 74 estava a dar lugar a uma deriva, rápida e perigosa, em direção a uma sovietização da sociedade. Álvaro Cunhal, figura de proa do PCP, em Junho de 1975, numa entrevista à jornalista italiana Oriana Fallaci disse, e passo a citar: «Em Portugal não haverá jamais a possibilidade de uma democracia como as que existem na Europa ocidental. Nós, os comunistas, não aceitamos o jogo das eleições (…)».
Como diz o povo e com muita sabedoria: “O que está à luz, não precisa de candeias”.
Em face do exposto, não me custa perceber o ódio extremo que o PCP tem ao 25 de Novembro. Também entendo o desprezo asqueroso que o Bloco de Esquerda, ao seu jeito marxista/ trotskista, atribui a esta data. Posso até compreender que o Livre, uma espécie de BE 2.0, siga asininamente os seus “compagnons de route”. Não posso é perceber, entender e muito menos compreender, como é que o Partido Socialista, um partido fundamental da democracia portuguesa, cujos líderes históricos tiveram um papel e posicionamento preponderantes naquela data, hoje, quase 50 anos volvidos, se associa e deixa manietar por minorias anticapitalistas, eurocépticas, anti iniciativa privada e que ainda acreditam que a Coreia do Norte é um estado democrático e a Venezuela um paraíso social. Mais parece que Pedro Nuno Santos abriu a gaveta onde Mário Soares tinha fechado o marxismo do PS em 1983.
Parabéns a todos aqueles que lutaram pela liberdade e democracia!
Parabéns aos que recentraram o espírito do 25 de Abril!
Parabéns aos muitos que impediram o revisionismo histórico!
Parabéns aos que contribuíram para que em 25-11-2024, na casa da democracia, se fizesse justiça a todos aqueles!
* O autor escreve ao abrigo dos antigos critérios ortográficos