A Justiça na marquesa

Escrito por Jornal O INTERIOR

Vou escrever sobre a dita “Operação Marquês” e a decisão instrutória lida pelo respetivo juiz, a qual terá penado sete anos, tal como Jacob serviu Labão para conquistar Raquel em vez de Lia. Ou ainda, no campo das conjeturas, e por se tratar de uso de vestuário escuro, com o atraso de 7 anos equivalente ao tempo de azar a quem mate um gato preto.

Os livros de Direito não devem ter a mesma leitura para todos; ou, pelo que me parece, devem vir impressos com uma escrita figurada, que não pode ser lida por qualquer letrado. Talvez um decifrador de hieróglifos como François Champollion, aquele que conseguiu ler nas cobras, olhos e passarada, a indecifrável Pedra da Roseta (Roseta que nada tem a ver com Rosa). Talvez seja em alfabeto tebano ou etrusco, coisa que só se aprende ao poder de muita persistência nas respetivas Faculdades.

Como é evidente, não cabe a um leigo como eu, comentar se foi bem ou mal decidido o que foi decidido, pelo que não irão ler sobre isso e podem parar a leitura por este parágrafo.

No entanto, não deixo de ficar perplexo com tanta queda no que toca aos crimes imputados e às prescrições apontadas segundo a ordem do calendário do Direito. E mais. Ao ouvir ler o arrazoado judicial fiquei na dúvida se o arguido não seria o Ministério Público em vez de Sócrates e companhia.

Tenho para mim que entre juízes e magistrados há uma surda animosidade e concorrência, tal como entre os vários ramos das forças armadas. E a Justiça perde com isso. E a Justiça perdendo com isso, perdemos nós todos.

Não foi a Justiça que se ocupou da “Operação Marquês”; a própria Justiça é que se deitou na marquesa – está doente.

Santos Costa, Trancoso

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Jornal O INTERIOR

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