Para investigar os climas passados não nos restringimos apenas às rochas e camadas sedimentares do leito oceânico. As bolhas de ar presas no gelo polar surgem como um recurso fascinante para analisar a evolução do clima terrestre ao longo do tempo.
Recentemente, cientistas identificaram regiões da Antártida que, num cilindro gelado com o comprimento de três quilómetros, podiam armazenar informações sobre o clima global e os gases de efeito estufa ao longo de aproximadamente 1,5 milhões de anos. A utilidade das árvores não deve também ser menosprezada. A ciência da dendrocronologia proporciona um método de datação baseado no estudo dos anéis de um tronco. Parte da premissa que as árvores aumentam o seu diâmetro somando ao tronco uma camada clara (madeira de Primavera) e outra escura todos os anos. A espessura de cada faixa depende da pluviosidade, da temperatura, do grau de insolação, da duração e intensidade das geadas entre outros.
Outro registo natural muito profícuo para os paleoclimatólogos é o que oferecem as camadas de crescimento dos corais. As carapaças de cálcio que protegem estes parentes das medusas desenvolvem-se em camadas sobrepostas. E essas camadas relatam o que aconteceu na história do coral – e das águas em que habita – durante milhares de anos. Isso é possível porque a velocidade de crescimento varia em função da temperatura, da composição da água e da salinidade. Um geólogo sueco, Johan Nyberg, ao estudar os corais das Caraíbas, estabeleceu uma relação curiosa: quanto maior a dureza, maior a frequências dos furacões tropicais. Se isso estiver certo, o século com mais furacões dos últimos 5.000 anos foi o XVII.
A história do planeta gravada em gelo, árvores e corais
“Para investigar os climas passados não nos restringimos apenas às rochas e camadas sedimentares do leito oceânico. As bolhas de ar presas no gelo polar surgem como um recurso fascinante para analisar a evolução do clima terrestre ao longo do tempo. “