A exumação do ditador Francisco Franco acontece hoje, no seguimento da Lei de Memória Histórica que divide de novo Espanha. As muitas feridas da guerra civil e da barbárie do regime fascista de 1936 a 1975 (Franco foi chefe de estado de 1936 até à sua morte em 1975 e liderou o governo entre 1938 e 1973) ainda não foram esquecidas. Os franquistas continuam a defender a herança do ditador contra a imposição democrática da exumação do ditador e contra o fim do memorial que celebrava um regime opressor em Vale dos Caídos – onde estava sepultado Franco e outros fascistas relevantes, e era o ponto de encontro para os nostálgicos do franquismo, como o monumento ligado à exaltação fascista. Mas onde estão sepultados também milhares de republicanos (facção derrotada) mortos em combate ou na construção do mausoléu e depositados em valas comuns.
Hoje a ferida e a divisão entre espanhóis pode ser acentuada, mas põe-se fim ao memorial de um ditador – 44 anos depois de morto, Franco vai finalmente deixar de ter um mausoléu.
O franquismo vai deixar de ter uma referência e um ponto de encontro para os seguidores e a Democracia vai finalmente poder respirar de alívio. Hoje, pode haver espanhóis divididos entre os dois lados da barricada que dividiu um país numa das guerras mais sangrentas do séx. XX, mas hoje, também, se vai fazer a justiça de em nome da vítimas do franquismo acabando com o mausoléu a Franco.