A obsessão dos empacotamentos e dos códigos de validade vem sempre com a roupa da segurança e da proteção das populações. O discurso escolhido é o do medo. Levantamos uma sensação de fragilidade e construímos uma narrativa que ajuda a produzir desperdício. Por cada objeto de consumo construímos empacotamentos que irão para o lixo. Podíamos reciclar, reutilizar e reduzir, mas a verdade é que criamos sempre mais regras e mais medos para produzir mais lixo e mais embalagens onde não deviam existir. A narrativa dos deputados europeus é proveniente de conspirações e de estratégias de industriais e de ideólogos de um consumo desenfreado. O último desejo, por questões de proteção e de segurança já se vê, é o de colocar chips nas pessoas e nos telemóveis, nos automóveis. Assim as aplicações e filtros desenvolvidos pelos gigantes da indústria informática sabem onde estão os clientes e projeta-lhes a oferta de consumo que corresponde aos seus instintos. Filtros e algoritmos e processos bem engendrados de pesquisa oferecem agora aos consumidores chipados mais embalagens, mais desejos, mais persistência e presença de solicitações irresistíveis.