A boçalidade e os pirilampos

Escrito por Diogo Cabrita

“Os pirilampos produzem luz por meio de uma reação química da substância chamada luciferina que, na presença de uma enzima, a luciferase, e de oxigénio, oxida e emite luz. “

Gosto imenso dos pirilampos. Sei que na Tapada Nacional de Mafra organizam umas visitas para os observar. São cada vez mais raros porque a boçalidade humana mata sem quartel. Os pesticidas lançados de avião, os sulfatadores ao estilo de guerreiros não param de atacar os insetos. A guerra entre lavradores e predadores de culturas e florestas é genocida. Umas vezes os nemátodos atacam e destroem até à desertificação. Outras vezes vem a filoxera para banir espécies. Há todo um jardim de bichos que ataca os desígnios do negócio. «Os pirilampos são insetos da ordem dos Coleópteros, pertencentes à família Lampyridae, grupo em que, na maioria das espécies, as larvas e os adultos produzem luz. Por outras palavras, são organismos bioluminescentes». O pirilampo, enquanto larva dura quase dois anos, é um predador voraz de minhocas e caracóis. Assim ajuda alguns agricultores a controlar outros predadores de plantações. As joaninhas também são usadas na guerra biológica. Elas comem cochonilhas rosadas que se emborracham com a seiva das plantas e desse modo matam culturas inteiras. Hoje há quem crie joaninhas e desse modo vão salvando a espécie. Também há quem precise de soltar milhões de pirilampos na defesa da cultura contra determinados caracóis.
Os pirilampos produzem luz por meio de uma reação química da substância chamada luciferina que, na presença de uma enzima, a luciferase, e de oxigénio, oxida e emite luz. Isto acontece sobretudo no acasalamento, na festa sexual, na paixão de três semanas que embeleza as vidas e ilumina. Nesta altura adulta e muito erótica, os pirilampos não comem, não crescem, mas criam ovos. Cada fêmea vai dar mais de cem ovos. A paixão não tem cartas nem juras de amor. A serendipidade encarrega-se de juntar quem o vento e os percursos aproximam. É um bacanal sem guerras nem litígios. A luz garante que há fantasia, há vaudeville e que a espécie sobrevive apesar da boçalidade dos agricultores que avançam com guerras químicas e outras sofisticações.
Os insetos herbívoros comem culturas e plantas, mas muito insetos comem estes predadores, e outros ajudam polinizando. Há uma tentativa de polinização sem insetos, sem abelhas, nem moscas, nem mariposas, nem formigas, mas o preço é carregar o produto final com mais químicos de dar sabor e longevidade. A polinização é a parte boa dos insetos que ajudam frutas, legumes, algodão, etc. Temos de tentar viver com eles!

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Diogo Cabrita

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