À Beira do futuro

Escrito por Ana Mendes Godinho

“Mas há muito, muito mais a fazer. Com visão estratégica e cosmopolita. Com todos. Precisamos de mobilização coletiva, de foco e aceleração, para garantir este Futuro que está mesmo à nossa Beira e ao nosso alcance.”

Os 22 anos do jornal O INTERIOR são 22 anos de uma riquíssima expressão de valores, causas e capacidades, que contribuiu para anular os anátemas sobre que desde sempre pendem sobre o próprio termo: Interior.
Por isso, a primeira razão de felicitação vai para a escolha do nome deste jornal e para a coragem de nos assumirmos do modo que somos, sem complexos.
Ser Interior não é uma fatalidade. Só através da afirmação das realidades e das potencialidades conseguiremos reequilibrar um mapa que durante décadas foi pendendo, cada vez mais, para o litoral.
Vivemos tempos decisivos em que se joga o futuro. A escolha é entre a vida e a dinâmica ou uma oportunidade perdida.
Nunca, como agora, se mobilizaram recursos e convicções em torno da necessidade de priorizar o desenvolvimento do Interior com foco em motores de aceleração diferenciadores para atrair e fixar pessoas e investimento.
Esta é a hora que, coletivamente, não podemos nem vamos desperdiçar. Com os olhos postos no território.
Aproveitando a centralidade estratégica das Beiras na Península Ibérica, tendo o Porto Seco como alavanca estratégica, apostando na inovação, na liderança na transição digital e ambiental, na atração de investimento tecnológico, na valorização da autenticidade, dos produtos regionais e do mundo rural como ativos únicos diferenciadores.
Com presença, energia e visão para posicionar este nosso espaço como melhor destino para viver, trabalhar, investir e visitar. Presença, sim. Inequívoca e duradora. Mais do que simbólica, mais do que sujeita a ciclos voláteis.
A aposta da Guarda para sede de uma Secretaria de Estado, na orgânica do XXII Governo cessante, deu-nos a possibilidade de perceber que, aqui, vai ser possível avançarmos para algo mais definitivo. Confirmámos a existência de potencialidades, vontades, parcerias e massa crítica para que a Guarda deixe de ser apenas local de comparência emblemática na estrutura governativa, mas verdadeiro centro de capacidades na definição e concretização de políticas para o Futuro, tanto à escala nacional, como ibérica e, até, europeia.
É isso que se segue. Numa evolução pensada para a consolidação da Guarda enquanto sede de um organismo que terá dinâmica para ajudar a mudar todo o interior.
Vem, aliás, na linha dos projetos estruturantes que já conseguimos:
• a reativação da linha da Beira Baixa e o investimento na requalificação da Linha da Beira Alta;
• o primeiro Porto Seco em Portugal, afirmando o distrito da Guarda como centro logístico com estatuto diferenciado;
• a localização do Centro Internacional de Competências da Economia Social, crítico para a valorização do setor social, motor determinante da criação de emprego;
• a localização de serviços públicos, como o Arquivo Geral da Administração Central;
• o reconhecimento e o posicionamento internacional do Museu do Coa;
• a Serra da Estrela reconhecida como Geoparque.
Num mundo que se está a reinventar, o Interior tem sido redescoberto pelos valores que cada vez mais são procurados: a autenticidade, a qualidade de vida, a sustentabilidade ambiental, a ligação à natureza.
Mas há muito, muito mais a fazer. Com visão estratégica e cosmopolita. Com todos. Precisamos de mobilização coletiva, de foco e aceleração, para garantir este Futuro que está mesmo à nossa Beira e ao nosso alcance.
Que, em cada ano, o jornal O INTERIOR continue a testemunhar e a ser mensageiro de vitórias coletivas. E a contribuir para que o “interior” seja, cada vez mais, o Interior orgulhoso, afirmativo e de sucesso.

* Ministra do Trabalho, Segurança Social e Solidariedade

Sobre o autor

Ana Mendes Godinho

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