Num misto de sentimentos, é certo e sabido que o ser humano motiva-se para assumir coisas diferentes como sejam o amor e o ódio, dando-lhe o equilíbrio possível da filosofia chinesa que varia entre os conceitos do yang e yin, encontrando-se, tantas vezes, na encruzilhada à beira da estrada que varia na escolha da estrada da Beira e o celebre caminho de Damasco.
Ali chegados, a opção, tal como Pedro, é a conversão àquilo que anteriormente se contestava e agora, de forma considerada o mais natural possível, com todas as contradições inerentes, passa por ter outras ideias que aportam consigo discursos diferentes e esquisitas posturas.
Ora, no mundo político, segundo Zweig, o mais baixo e o mais terreno, esta filosofia de vida é muito bem aceite onde muitos dos seus protagonistas se ajustam à nova vasilha, tal qual a água se molda ao recipiente onde é deitada. E depois, com a agitação conseguida, lá vem a mistura da água com o azeite, o que depois de algum tempo faz com que apareça uma linha separadora entre eles, pois a água é sempre bem mais densa que o azeite, percebendo-se que é aqui que reside todo o busílis da questão.
Curiosamente o povo, na sua sabedoria, costuma justificar esse momento como “enquanto vai o pau e não vai folgam as costas” num ganhar de tempo que pode ser crucial para que se capitalize descontentamentos e insatisfações, encaixando, ainda por cima, numa série de trapalhadas perfeitamente incompreensíveis e erros de avaliação que apenas tornam possível o avanço daqueles intolerantes que sistematicamente apregoam a tolerância, onde são empregues bonitas palavras e uma série de exemplos que se escutam muito bem e encaixam no argumentário facilitista.
Afinal, os lobos com pele de cordeiro existem e a culpa da sua existência é necessariamente de todos aqueles atores do escaparate do sistema que, passeando-se pelo “boullevard” de “Broken Dreams”, utilizam a passerelle das vaidades para desfilarem de forma arrogante, não fazendo o que efetivamente lhes compete, distraindo-nos com os tais “fait-divers” perigosos tão bem aproveitados e posteriormente explorados por esses escarros que entretanto a democracia deixou parir.
É que, sem as tais linhas que falávamos, os saudosistas esfregam as mãos de contentes e inevitavelmente regressaram, têm ninho e passarinho e os mais simples acreditam que a conversa da treta pode trazer alguma mais-valia não percebendo que este avanço pode trazer muitos amargos de boca e um mais que previsível retrocesso civilizacional.
Apenas mais duas questões:
A primeira tem a ver com todos quantos têm, podem e devem demonstrar a sua capacidade em valorizar políticas que determinem comportamentos para que o povo tenha a felicidade que merece, pois o momento que estamos a atravessar é demasiadamente mau. Isto não devia estar a acontecer.
A segunda é a necessidade de todos, sem excepção, definirmos linhas, dizer de forma clara e inequívoca o que queremos, o que defendemos, em suma ao que vimos, excluindo todo um processo sem pés nem cabeça, perfeitamente estúpido, de casos e casinhos, de cacos e caquinhos, de mentiras e mentirinhas. Isto, em definitivo, são distrações, faz com que não nos concentramos no essencial. Para episódios de novela são deveras interessantes, mas não nos leva a lado nenhum.
Nesta fase do campeonato temos de manter-nos atentos, despertos e interessados pois é nossa obrigação assumir a História de nove séculos, fazer avançar, de forma sustentável, o tal país à beira mar plantado que um dia soube dar novos mundos ao mundo.
À beira da estrada na estrada da Beira ou a procura do caminho de Damasco
“Nesta fase do campeonato temos de manter-nos atentos, despertos e interessados pois é nossa obrigação assumir a História de nove séculos, fazer avançar, de forma sustentável, o tal país à beira mar plantado que um dia soube dar novos mundos ao mundo.”