O Jornal O INTERIOR é o resultado de um projeto editorial acutilante e ambicioso que “desenhei” em 1999 com José Luís Carrilho de Almeida e que implementámos no final daquele ano com a colaboração de algumas pessoas extraordinárias da região. E saiu para as bancas de forma ininterrupta em janeiro de 2000 – numa manhã fria, com a região coberta de um manto branco e um sol radioso que iluminou este novo projeto editorial. Um projeto que nasceu com a mudança de ano, de século e de milénio num período cheio de frenesim em que um grupo de jovens aspirámos mudar a região fazendo jornalismo, porque uma sociedade informada é uma sociedade melhor preparada.
Foi um tempo excecional de afirmação de um grande jornal (o único que ganhou o Prémio Gazeta na Guarda), mas também de uma marca cujo carater idiossincrático passava (e passa) pelo jornalismo de qualidade, com rigor e independência, num compromisso claro com os leitores – em que a informação, o falar a verdade e a pluralidade de opinião são a base e o princípio de O INTERIOR.
Assistimos a mudanças extraordinárias ao longo destes 24 anos, desde logo a transição digital e o advento das redes sociais, que mudaram completamente a forma como comunicamos e como nos relacionamos com a informação; sobrevivemos à “troika” e à pandemia da Covid-19. E agora vivemos as dificuldades da própria sustentabilidade dos media. Na verdade, a imprensa há muito que vive “em crise”. Porém, os jornais continuam a ter leitores. Aliás, nunca tiveram tantos leitores. A diferença é que hoje pode haver menos pessoas a ler jornais em papel, mas há muitíssimos mais a ler jornais digitais, por isso, sem margem para erro, nunca os jornais tiveram tantos leitores (cada notícia publicada por ointerior.pt tem milhares de leitores).
Mas o modelo de negócio online continua sem capacidade de rentabilização, pois as pessoas querem ver e ler… mas não querem pagar: cada informação que alguém lê no smartphone ou no tablete foi escrita por um jornalista, foi publicada por um publisher ou por um editor, quase sempre gratuitamente ou copiada e depois partilhada pela comunidade online, sem que ninguém pague nada! Mas o jornalista que a escreveu, os autores da maioria dos conteúdos, não recebem nada pelo seu trabalho, não cobram…
A imprensa é essencial na vida democrático e, 50 anos depois de Abril, é basilar e suporte da liberdade de expressão (de que percebemos que nos faz falta quando não a temos, como no tempo da outra senhora), mas tem que ser financiada por todos, pelos seus leitores que compram jornais, pelos assinantes e pelo Estado que deve procurar mecanismos de financiamento à comunicação social, a exemplo do que ocorre nos demais países desenvolvidos. Ou isso ou viveremos na escuridão dos tempos, sem o escrutínio, o pluralismo e a liberdade a que todos no habituámos. Neste tempo de eleições, também devemos escolher continuar a viver num país com imprensa livre ou viver prostrados perante os poderes. Um país sem jornais será um país mais pobre e deprimido, um país sem liberdade e sem cultura. Por isso é responsabilidade de todos apoiar a imprensa.
O Jornal O Interior é o 18º melhor jornal português e resiste há 24 anos prestando um serviço público.
Obrigado por nos ler!