Fundado há 23 anos, o Jornal O INTERIOR é ainda uma publicação recente, que nasceu com a ambição de “dar vida ao interior” e contribuir para a mudança sociocultural e o progresso da região. Nascemos em simultâneo em papel e online, num tempo de grandes expetativas e transformações. Enquanto mudávamos de século e milénio, este jornal dava à estampa no final do melhor período económico de Portugal: depois da entrada na CEE e com o crescimento e desenvolvimento extraordinário que se seguiu, entre 1985 e 2000 – entre a governação de Cavaco Silva e a de António Guterres.
Nascido em 2000, o Jornal O INTERIOR foi uma pedrada no marasmo que se vivia então na Guarda agitando, sobremaneira, as águas da cidade e da região (fomos então Prémio Gazeta de Imprensa Regional, o primeiro e único jornal da Guarda distinguido pelo mais importante galardão da imprensa portuguesa). Informámos e opinámos sobre o que de mais relevante ocorria então e acompanhámos as muitas transformações que ocorreram na cidade, concelho ou distrito. Ambicionávamos aproximar a Guarda e a Covilhã – e chegámos muito antes de outros à ideia de que a região teria de envolver os concelhos desta linha da Beira Interior (que se juntou depois na Comunidade das Beiras e agora na CIM das Beiras).
Enquanto a Guarda vivia um tempo de metamorfose, de que fomos parte integrante, com o debate de ideias, muitas delas apresentadas neste jornal, e o lançamento de projetos mobilizadores. Foi nesse período que avançaram, por exemplo, o TMG-Teatro Municipal da Guarda, a BMEL-Biblioteca Municipal da Guarda, a PLIE-Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial, a A23 e A25 e ainda muitos outros projetos que deram à Guarda e à região uma enorme expetativa. Há 20 anos ainda se era otimista, mesmo percebendo que o despovoamento rural já era uma evidência, as escolas primárias encerravam, o campo esvaziava-se e as cidades da Guarda e da Covilhã afirmavam-se como os únicos motores da região. Mas nesse período o país entrava em crise.
Ao contrário da Guarda, onde O INTERIOR dava os seus primeiros passos e o concelho atingia o seu máximo populacional de sempre (43.822 habitantes em 2001, hoje o concelho tem 40.117), o país descobria que vivíamos num “pântano” e Guterres abandonou o barco que metia água. Portugal entrou em crise em 2001 e não mais deixámos de viver em crise! Depois do pântano vivemos a instabilidade política com Durão Barroso e Santana Lopes e as obras faraónicas de Sócrates, com um férreo controlo político sobre a economia e um regabofe que acabou muito mal, com a crise financeira internacional e Portugal a pedir a assistência externa e o resgate da “troika”. O país, que estava em crise desde 2001, entrou então num precipício de empobrecimento generalizado e dificuldades extremas. Quando as contas melhoraram, a Covid-19 e dois anos de pandemia voltaram a colocar em evidência as fragilidades nacionais e a falta de reformas estruturantes que pudessem mudar o país. Há um ano, a Rússia invadiu a Ucrânia e a crise energética e de produção, a nível mundial e em especial na Europa, colocam-nos perante uma inflação que não sentíamos há mais de 30 anos. A crise iniciada em 2001 é hoje mais intensa e perturbadora.
Num momento em que o governo lança um pacote de medida contra a inflação, de que o IVA zero em alguns produtos é a marca mais forte e com poucas possibilidades de sucesso, o Jornal O INTERIOR celebra o 23º aniversário, em plena crise, como sempre…
O contributo dos jornais para a vida cívica, cultural e social de uma comunidade são determinantes para o desenvolvimento democrático de uma sociedade. O Jornal O INTERIOR cumpre há 23 anos a sua missão de informar com rigor e seriedade, de escrutínio, de promover o debate plural e intervir civicamente ao serviço da região. Mas a força de um jornal reside na relação com os seus leitores. E os jornais precisam do apoio dos seus leitores. Apoiar o Jornal O INTERIOR é contribuir para a sua existência, a sua viabilidade e a sua resistência. É participar civicamente na sociedade, é defender a liberdade e promover a liberdade de expressão. O Jornal O Interior é o 18º melhor jornal português e resiste há 23 anos prestando um serviço público. Comprar jornais é ser parte do serviço público que os jornais prestam. Os aumentos de custos obrigam-nos a fazer uma atualização do preço de capa de O INTERIOR: a partir da próxima edição.
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23 anos de bom jornalismo
“O INTERIOR foi uma pedrada no marasmo que se vivia então na Guarda agitando as águas da cidade e da região (recebemos em 2001 o Prémio Gazeta de Imprensa Regional, o primeiro e único jornal da Guarda distinguido com a mais importante distinção da imprensa portuguesa).”