2018-2019- Balanço e expectativas

Escrito por Cidália Valbom

O que esperar de 2019?
O que podemos esperar (e devemos recear) de 2019? O INTERIOR voltou a desafiar personalidades, autarcas, políticos e jornalistas a partilhar a sua opinião sobre o novo ano, bem como as suas aspirações, preocupações e anseios. Nesta edição publicamos mais um conjunto de contributos, mas há mais para ler nas próximas semanas.

2018 – O brinde
O fim do ano traz-nos a boa notícia – ligeiro aumento de nascimentos na Guarda. O despovoamento é o assunto mais importante da região, não me cansarei de o repetir.
A Coficab, em fevereiro, anunciou um investimento de 30 milhões e a criação de cerca de 130 postos de trabalho. Inicia-se (finalmente) no IPG formação especifica para as necessidades da região.
Vemos os primeiros passos, ainda demasiado tímidos, de articulação entre a Comissão de Candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura e as gentes/instituições da Guarda.
Abril traz o Solar do Vinho da Beira Interior ao centro histórico. Ainda pouco, mas bom!
O verão traz as festas e a feira de S. João à cidade e a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela à Praça Velha – segunda prenda para o centro histórico.
Com setembro chegam as primeiras reclusas à zona prisional do Mondego – todas as notícias de utilização efetiva de serviços no interior são boas.
Novembro – novo presidente do IPG; esperamos que Camões tenha razão, que «a mudança traga novas qualidades».
Dezembro – Protocolo de fixação da Orquestra Académica Filarmónica Portuguesa na Guarda.
Tempo de balanço de situação de vários projetos para a Guarda.
Todos importantes, mas a merecer destaque pelo simbolismo:
1 – A intervenção ambiental no Rio Diz e Noéme, bem como os Passadiços do Mondego.
A degradação do ambiente/ alterações climáticas é o assunto mais importante do País nas próximas décadas.
2- A possível aquisição da sinagoga e sua requalificação no centro histórico.
O centro histórico é o diamante que urge lapidar. Todos os passos são bem-vindos.
3 – O reinvestimento na ferrovia é estruturante.

É transversal, a todo o ano, o esforço (quase só teórico) de debate/visibilidade do Interior. A coesão do território é assunto sério. É que quem semeia ventos –ofendendo a identidade das regiões – vai colher tempestades.
A «exigência de dignidade e evitar a política do ressentimento», entre grupos, regiões, povos, é o cerne para evitar populismos – Francis Fukuyama, 2018.
Ou, como diria, Fausto Bordalo Dias, «não despertem monstros adormecidos».

2018 – A fava
É paradigmático do que correu mal, para todos os cidadãos da Guarda, porque provocação desnecessária, a forma dissimulada como é assinado, em Lisboa, o protocolo de recuperação do Hotel Turismo da Guarda entre a Secretaria de Estado e a empresa MRG.
Queremos (é óbvio) o Hotel reconstruído, mas, como disse Sócrates, «almejamos juízos positivos sobre o nosso valor ou dignidade». Respeito – na aceção de Emmanuel Kant.
Andaram melhor (sempre se deram ao trabalho de vir à Guarda) o ministro da Saúde e o ministro da Administração Interna. Mas mesmo assim – factos são factos – 4 mãos cheias de nada.
A saúde, assunto de sempre na Guarda, está a correr mal.
Falta a segunda fase. Nunca teremos Hospital sem a segunda fase. Foi desenhado, por quem sabe, para ter duas fases – Correia de Campos.
Enquanto não for executada a segunda fase, está “coxo”. É míope quem afirmar o contrário. Tudo o resto são remendos.
A sua articulação com a Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior, Hospitais da Covilhã e Castelo Branco, assenta num estatuto de paridade. As competências funcionais foram elencadas aquando da constituição da ULS Guarda pelo ministro da Saúde.
A Guarda, em nome da sua identidade e dignidade, não pode aceitar qualquer outra coisa.
Não pode aceitar ser considerada na 3ª divisão dos Hospitais/ULS, na opinião da atual ministra da Saúde.
Os cidadãos da Guarda querem ter uma palavra a dizer sobre a localização dos organismos do Estado (GNR, PSP…), bem como a alocação dos edifícios (residência de estudantes /Pousada da Juventude). Descentralização é articulação e não imposição!
A coesão territorial é um imperativo constitucional e não uma benesse!

Expectativas 2019
A nível local, a continuidade dos projetos calendarizados.
Consensualização em torno de projetos nucleares/estruturantes e articulação – cooperação entre todas as instituições da cidade e região.
A nível nacional, crescimento interno.
Note-se que os sinais de abrandamento estão aí e a dívida pública, em termos nominais, ainda não parou de crescer.
Equidade de tratamento entre as diversas carreiras, regiões e entre todos os sectores. Não podemos ter pessoas, carreiras profissionais, ou regiões, de primeira e de segunda. Nunca seremos um país justo e coeso com dois salários mínimos!!
Uma política efetiva contra as alterações climáticas, considerando que Portugal, principalmente o seu litoral, é uma das zonas mais sensíveis da Europa – Filipe Duarte Santos.
Damos nota que Portugal, em 2019, está sob observação dos Organismos Europeus no cumprimento de normas ambientais. Temos que melhorar. Podemos e devemos alterar hábitos que contribuam para minorar as alterações climáticas.
Note-se que os efeitos climáticos irão provocar, se nada for feito, a maior crise de refugiados do mundo.
Uma nota final, recordando que 2019 será um ano eleitoral importante. Um apelo à participação de todos, votando e escolhendo em consciência, com responsabilidade.
Bom Ano de 2019.

* Presidente da Assembleia Municipal da Guarda

Sobre o autor

Cidália Valbom

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