É inegável o papel importante de órgãos de comunicação regional, pela proximidade às populações e por darem voz a realidades culturais e sociais que não têm lugar na comunicação social nacional. Importância acentuada num quadro em que nos últimos 20 anos agravaram-se problemas da região.
Envelhecimento, despovoamento, encerramento e descaracterização dos serviços públicos, extinção de Juntas de Freguesia, destruição da produção nacional, como é exemplo a destruição de mais de 150 mil empregos na agricultura, a consequente destruição de postos de trabalho noutros sectores, aumento do desemprego e da emigração e aumento das dificuldades de mobilidade nestas regiões.
Nas últimas décadas o quadro de concentração do sector da comunicação social em poucos grupos económicos acentuou-se, condicionando o pluralismo, o acesso à informação e até o regime democrático, mas também aumentando as dificuldades da imprensa regional e local. O recente surto epidémico piorou as dificuldades já existentes. Isto levou o PCP a apresentar propostas para defender os órgãos de comunicação social local e regional. Uma das propostas visa garantir, às entidades proprietárias ou editoras de publicações de âmbito local ou regional, a comparticipação a 100% no custo da sua expedição postal para assinantes.
Ciclicamente os sucessivos Governos PS, PSD e CDS encheram páginas com juras ao interior, mas sempre evitaram a discussão das medidas concretas. Enquanto isso prosseguiu o encerramento de escolas, serviços de saúde, estações dos CTT, agências bancárias, etc., esquecendo que sem serviços públicos não há incentivos à fixação de pessoas que resultem. Prosseguiram e aprofundaram limitações ao desenvolvimento com a implementação das portagens. Adiaram investimentos e não avançaram com um processo sério de descentralização, inseparável da criação das regiões administrativas.
Estes 20 anos trazem à evidência que o problema do Interior tem sido a política de direita! Pelo que só recuperando as parcelas perdidas da nossa soberania poderemos libertar os meios e os recursos para tomar nas nossas mãos os destinos das nossas vidas e retomar o rumo de desenvolvimento, com investimento público e produção nacional, apoiando a agricultura familiar e os MPME. Só valorizando quem trabalha, valorizando as funções sociais do Estado e os serviços públicos poderemos combater as assimetrias sociais e regionais.
* Membro da Comissão Política do Comité Central do PCP e responsável pela Organização Regional Comunista nos distritos da Guarda e Castelo Branco