Economia

Preço do pão aumentou 30 por cento desde janeiro

Pão 2 Easy Resize.com
Escrito por Efigénia Marques

A situação de incerteza e de guerra que atualmente se vive na Ucrânia e o aumento do valor dos cereais tornou inevitável a subida do preço do pão para o consumidor final.
«Antes disto pagava a farinha a 33 cêntimos, atualmente estou a pagá-la a 58 cêntimos. Ou seja, são mais 25 cêntimos por quilo de farinha», revela Mateus Fernandes, gerente e padeiro da Padaria do Mileu, na Guarda. O profissional acaba por compreender esta subida do preço da farinha, dizendo que os fornecedores «não têm outra hipótese e mesmo assim também não têm grande “fartura”, porque as fábricas pequenas já quase não fornecem farinha. Só as grandes e essas agora baseiam-se nesses preços», acrescenta. «Não foi só a farinha, o gás é uma loucura. Eu gastava 4 mil euros por mês com os três fornos grandes que tenho e neste momento estou a pagar 7 mil euros», adianta o padeiro guardense para justificar o aumento do preço final do pão.
De forma geral, os empresários do setor com quem O INTERIOR falou não assistiram a uma redução dos clientes, mas sim na quantidade que cada um leva para casa. «Por exemplo, até aqui uma dúzia de mealhadas custava dois euros e agora são 2,40. As pessoas, muitas das vezes, em vez de levarem as 12 mealhadas só levam 10 e por isso acaba por baixar a venda», exemplifica Mateus Fernandes, que trabalha na área há 44 anos «e nunca me lembro disto assim». Já Sandra Almeida, proprietária da padaria/pastelaria Cristal 98, também na Guarda, não sentiu muita quebra «porque mantivemos o papo-seco ao mesmo preço, 15 cêntimos, por uma questão de marketing. O resto do pão tem o aumento de lei, mas iremos continuar com os preços assim até conseguirmos», garante a empresária. Quanto aos fornecedores de farinha, não houve procura de alternativos com preços mais acessíveis. «O que aconteceu foi que compramos em maior quantidade para ter em armazém», esclarece Sandra Almeida.
Para as panificadoras, em que o grande negócio é a venda porta-a-porta, além do aumento das farinhas também a subida dos combustíveis acabou por afetar o negócio, tendo sido necessário fazer uma melhor gestão das rotas. «Tivemos que parar algumas carrinhas e estamos a tentar redefinir as voltas para ir só uma viatura para o mesmo sítio», adianta Sandrina Ramos, funcionária da União Panificadora de Celorico da Beira. Também na região celoricense a venda do pão, um bem essencial, não teve grandes quebras porque «é quase uma obrigação as pessoas comprarem pão. Notámos no resto da mercadoria, caso da pastelaria», confirma.
Já para o concelho de Pinhel, Hélder Paulino, proprietário da Panificadora Paulino (Freixedas), onde o negócio passa por postos de venda de pão, mas essencialmente na venda porta-a-porta, o “feedback” dos clientes é que «a situação é complicada, porque tudo está a aumentar menos os ordenados e lá em casa vai ser complicado porque vai haver famílias que nem para o pão vão ter dinheiro», receia o empresário. Na sua opinião, «o que tem acontecido é que, primeiro, as pessoas tiravam pão mais pequenino, e o pão quanto mais pequeno for mais caro se torna. Agora, o que as pessoas estão a deixar de comprar é um molete e começaram a comprar o pão maior, que já dá para mais tempo e rende mais», afirma. Também Hélder Paulino adaptou as voltas da venda, deixando de «fazer algumas diariamente para fazer três vezes por semana, principalmente em aldeias que já têm pouca gente». As expectativas quanto ao futuro são comuns a todos: «Viver um dia de cada vez».

Carina Fernandes

Sobre o autor

Efigénia Marques

Leave a Reply