Economia

AENEBEIRA em dificuldades financeiras por atrasos dos programas comunitários

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Escrito por Efigénia Marques

Associação Empresarial do Nordeste da Beira tem atualmente metade dos funcionários em “lay-off” e tem contado com o apoio dos municípios da região

A AENEBEIRA – Associação Empresarial do Nordeste da Beira está a passar por dificuldades financeiras que já originaram o recurso ao “lay-off” para quatro dos oito funcionários da instituição. Alguns associados queixam-se que a entidade está «paralisada» desde setembro e não tem conseguido prestar apoio aos sócios dos concelhos de Aguiar da Beira, Celorico da Beira, Guarda e Mêda.
Contactado por O INTERIOR, Tomás Martins, presidente da AENEBEIRA, confirma que a associação está a passar um mau bocado, mas que é «cíclico» a cada transição do quadro comunitário de apoio, sendo que desta vez está a ser «excessivamente longa». «É um constrangimento normal – que, de normal, não tem nada – e não era desejável. Por exemplo, nós fechamos o ano de 2022 com cerca de 172 mil euros pagos e submetidos a reembolsos e reembolso intermédio, e estamos a aguardar respostas», justifica o dirigente empresarial. Tomás Martins refere que os atrasos nestes programas comunitários causam «grandes constrangimentos» às associações porque são a «principal fonte de financiamento» para pagar salários e despesas de funcionamento. «Só para terem uma ideia, ainda durante 2022, já pós-pandemia, a AENEBEIRA intervencionou 62 empresas no âmbito de programas de formação-ação, executou 30 mil horas de formação, envolvendo 1.500 formandos, mas continuamos à espera para receber o que nos é devido», exemplifica.
O presidente da Associação Empresarial do Nordeste da Beira considera que a resposta dos serviços na análise de reembolsos e na abertura de candidaturas é «absolutamente insustentável e, portanto, isto é um problema de tesouraria que não é fácil gerir», mesmo numa organização que será a única associação empresarial da CIM Beiras e Serra da Estrela com estatuto de utilidade pública, sendo também uma entidade sem fins lucrativos. Em consequência, Tomás Martins fala em «alguns técnicos» em “lay-off”: «Não havendo pedidos de reembolso e aberturas de novas candidaturas a submeter, é muito difícil, para além dos programas tradicionais de formação para ativos e de formação-ação, nós conseguirmos ir aguentando isto durante muito mais tempo», alerta, garantindo que não está previsto o despedimento de funcionários.
«Não é esse o objetivo. Aliás, agora submetemos mais uma candidatura ambiciosa ao programa “Emprego + Digital” do IEFP e espero que cumpram os prazos na análise das candidaturas. O prazo era de 45 dias para análise e assinatura, já passaram 38», constata o responsável.
O presidente da AENEBEIRA espera também pelo desbloqueio do Portugal 2020 e do PRR. «O que queremos é que isto funcione, que haja dinheiro a circular e tudo se resolverá desde que haja dinâmica. Vamos com dois anos de atraso, o que é insustentável para promotores e associações empresariais», sublinha, adiantando que a associação tem usado «os canais corretos» com as entidades envolvidas no âmbito da CIP para tentar resolver o impasse.
«Temos dificuldades, como têm certamente todas as associações. Ainda hoje João Mário Amaral, dos Artesãos da Serra da Estrela, disse-me, todo satisfeito, que ia receber agora um reembolso do projeto de internacionalização realizado em 2017», aponta, lamentando que seja esta «a realidade» do movimento associativo». «Esperemos que em breve tenhamos os reembolsos analisados e aprovados e que, efetivamente, as coisas vão avançando. Felizmente contamos sempre com os parceiros, nomeadamente os municípios, que em momentos de aflição sempre têm acudido nas transições do quadro comunitário de apoio», afirma Tomás Martins.

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