Cultura

Músicos veteranos da Guarda reencontram-se no palco meio século depois

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Escrito por Efigénia Marques

Espetáculo “60 Anos e 5 Memórias do Pop/Rock” fez regressar ao palco membros de antigas bandas de pop rock da cidade e que passaram pelo Centro Cultural

Alguns músicos já não se encontravam há meio século. Faziam parte de grupos pop rock da Guarda que fizeram furor, pelo menos na cidade mais alta, a partir da década de 60.
Com o passar dos anos cada elemento seguiu o próprio caminho profissional, que não passou pela música, mas no último domingo voltaram a pegar nos instrumentos e deram um concerto revivalista no grande auditório do Teatro Municipal da Guarda (TMG). Falamos dos Kiowas, dos Neptunos, dos Pop Group, também dos CC5 e da banda mais recente, os 60*****. E diga-se que todos eles foram mesmo as estrelas da noite. O público correspondeu ao desafio e encheu o auditório, onde amigos, familiares e gente saudosa desses gloriosos tempos viram e ouviram músicas de outros tempos que ninguém esqueceu. Ouviram-se Beatles, Rolling Stones, The Animals, Scott MacKenzie e canções do “yé-yé” francês, entre outros temas.
«Somos um grupo de amigos de longa data. Alguns já não nos víamos há 50 anos. Uns voltaram a ganhar o bichinho da música, compraram instrumentos e voltaram a tocar», adiantou, visivelmente emocionado, José Augusto, vocalista e guitarrista inicialmente dos Neptunos, depois dos Pop Group e atualmente dos 60*****. O concerto surgiu no âmbito das comemorações dos 60 anos do Centro Cultural da Guarda, por onde todas estas bandas e grupos musicais passaram. Para José Augusto, «estamos a falar de um grupo de septuagenários e, portanto, quando o Centro Cultural celebrar 70 anos não sei quantos de nós estarão ainda por cá. E aqueles que estiverem… não sei em que condições estarão. Por isso, para nós, esta noite é um momento histórico», garantiu.
Albino Bárbara, presidente do Centro Cultural da Guarda, disse que no último domingo subiram a palco «cinco grupos com qualidade, artistas já com alguma idade que voltaram à Guarda. Muitos deles não vivem cá – o de mais longe vem de Atlanta, nos Estados Unidos, e regressaram à cidade mais alta para fazer este espetáculo em comemoração dos 60 anos de uma instituição que teve cinco bandas que respeitaram aquilo que era o pop/rock».
A animação e presença em palco não mudou. Facto que o vocalista atribuiu à «paixão pela música, que nos levou a fazer estas “coisinhas”». «Na altura, não tínhamos conservatório na Guarda, não havia tecnologias como agora e não tínhamos ninguém que nos ajudasse em termos musicais. Acabávamos por aprender uns com os outros», recordou. Quanto aos jovens, o vocalista dos 60***** deixa a mensagem de que «a vida está muito facilitada» e justifica-o com o «acesso à Internet, conservatórios, escolas de música… Qualquer jovem que tenha a paixão da música tem a vida facilitada, mas sem trabalho nada acontece, não basta gostar de algo, temos que trabalhar para que aconteça», aconselha José Augusto. Resta agora saber se, depois de uma plateia cheia, este foi o primeiro de muitos concertos destes veteranos músicos da Guarda.

Sofia Pereira

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Efigénia Marques

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