Cultura

João Mendes Rosa, um homem de cultura

Dsc 5002
Escrito por Efigénia Marques

João Mendes Rosa, antigo diretor do Museu da Guarda e colunista de O INTERIOR, faleceu no passado dia 7, em Oeiras, onde residia e trabalhava. A sua morte causou grande consternação no meio cultural da cidade mais alta.
Natural da Guarda, o autor e poeta tinha 53 anos e dirigia a Divisão da Cultura da Câmara de Oeiras, que assumiu em junho de 2020 após sair do Museu da Guarda. O espaço tinha sido escolhido para a apresentação do seu último livro de poesia, “A Imensidão Insubmissa dos Abismos”, no dia 3 de dezembro, mas a sessão foi adiada devido à evolução pandémica. Criador e dinamizador cultural inveterado, João Mendes Rosa foi o grande responsável pelo renascimento do museu guardense, que, sob a sua égide e entusiasmo desde 2016, recebeu várias exposições de artistas contemporâneos de renome nacional e internacional, como Paula Rego e Santa-Rita Pintor ou obras da Fundação Calouste Gulbenkian, entre outras iniciativas arrojadas para uma cidade do interior do país.
Foi ainda mentor e fundador, em 2017, do SIAC – Simpósio Internacional de Arte Contemporânea da Guarda, de que foi curador. João Mendes Rosa era licenciado em Artes Visuais e em História/ Arqueologia e mestre em Arqueologia/Epigrafia Latina pela Universidade de Salamanca. Era investigador da Universidade de Salamanca (Departamento de Pré-História, História Antiga e Arqueologia) na área de Arqueologia da Paisagem e Epigrafia desde 2008. Ensaísta, ficcionista, poeta, historiador, museólogo, arqueólogo, dramaturgo e artista plástico, publicou até ao presente mais de 30 livros, desde o romance aos estudos arqueológicos e museográficos, da poesia à biografia, passando pela investigação histórica, conto e teatro.
Foi ainda professor e formador na área da Museologia e Gestão do Património, bem como colaborador da Diocese da Guarda para a área da Arte Sacra. Enquanto museólogo, projetou a instalação do Museu António Guterres (Donas), Casa-Museu D. João Oliveira Matos, Centro de Interpretação da Arte Rupestre (uma parceria do Museu do Côa), Museu da Imprensa e Tipografia e o Museu Arqueológico Municipal do Fundão, que dirigiu entre 2007 e 2015, e inúmeras mostras museográficas patentes em vários pontos do país. Foi ainda coordenador editorial e científico da revista de história “Ebvrobriga”, cujo conselho editorial é constituído por investigadores de Espanha e Portugal.
A Câmara da Guarda aprovou uma nota de pesar, onde destaca que João Mendes Rosa era «um dos expoentes máximos de homem de cultura» e reconhece que o antigo diretor do museu deixou na cultura da cidade mais alta uma «marca indelével» que abre «caminhos para o futuro na criação artística e que contribuiu para que muitos guardenses não tivessem pudor em revelar as suas capacidades de produzir arte e cultura». «Possuidor de uma mente inquieta, revolucionava tranquilamente os que estavam à sua volta, alcançando o que muitos pensavam ser impossível de realizar na Guarda», sustenta ainda a autarquia. Também o município do Fundão manifestou pesar pelo falecimento de João Mendes Rosa.

Sobre o autor

Efigénia Marques

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