Jorge Neves, membro da direção da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE) e atual presidente da Assembleia de Freguesia de Castelo Branco, foi pago pela empresa informática ANO por contratos no total de 366.949 euros, que a ANAFRE lhe adjudicou, segundo avançou hoje o jornal “Público”.
Jorge Neves – que foi vice-presidente da Câmara de Castelo Branco, presidente da Junta de Freguesia local e ainda presidente do Conservatório Regional de Castelo Branco – terá faturado à ANO (através da sua empresa unipessoal) cerca de 36 mil euros entre 1 de Janeiro de 2018 e 31 de Março de 2019. A quantia – que ascende aos 2400 mensais – corresponde a cerca de 10% do valor pago pela Anafre à referida empresa informática.
O autarca confirmou que recebeu uma avença durante este período para apresentar os produtos da ANO às câmaras do distrito de Castelo Branco, mas nega ter sido este o montante, sem revelar exatamente qual o valor que recebeu.
Na qualidade de vice-presidente da ANAFRE, entre 2015 e 2018, Jorge Neves detinha o pelouro da informática e fez parte do júri do concurso lançado para selecionar o fornecedor deste serviço, o qual foi ganho pela MEO. Após reclamação da ANO, e de dois relatórios de apreciação da mesmo, acabou por ser a esta a empresa com quem foi celebrado o contrato, em junho de 2015. Embora o preço não fosse o único indicador considerado no concurso, o valor apresentado pela ANO era superior ao da MEO em 67.528 euros.
Nos dois anos seguintes foram adjudicados a esta empresa informática mais três contratos por ajuste direto. Foi após o primeiro que a firma começou a pagar uma avença a Jorge Neves.
Além deste montante Jorge Neves terá recebido durante o ano passado, de acordo com o “Público”, cerca de 24 mil euros da Associação Para O Desenvolvimento Da Raia Centro-Sul (ADRACES), por serviços relacionados com a promoção turística de Castelo Branco, sem ser celebrado qualquer contrato.
Aqui inclui-se o “Plano de Desenvolvimento Turístico do Município de Castelo Branco 2015 -2025”, um trabalho extenso cuja responsabilidade cabe ao Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano (CEDRU). O trabalho, encomendado em 2014, e entregue no ano seguinte, teve um custo de 30 mil euros suportados pela autarquia albicastrense, já liderada por Luís Correia.
Contactado pelo “Público” Jorge Neves justificou -se com o facto de não ter que “questionar” os procedimentos da associação.
Estes pagamentos terão sido recebidos através da Positivignition, a empresa que criou em 2 de Janeiro de 2018, data do dia em que emitiu a primeira fatura à ADRACES. Até agora, além desta associação e da ANO, a empresa não teve quaisquer clientes.