Cara a Cara

«Trabalhar no “Beat na Montanha” foi como dar um salto de queda livre, não sabes ao que vais»

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Escrito por Efigénia Marques

P – Esteve pela primeira vez na Guarda a gravar o telefilme “Quando o Diabo Reza” e não foi por escolha. Como veio parar à Guarda e qual era a sua visão sobre a cidade antes e agora, depois de passar algum tempo na região?
R – Tinha uma visão muito turva e distante da Guarda, como a de um postal com a Sé Catedral em destaque. Mas rapidamente passou a ser quase uma segunda casa. Não só, obviamente, pelo tempo que passei a trabalhar nos projetos que filmei na Guarda, mas também pelas pessoas e são elas que fazem os sítios, não é verdade?!

P – Acha a Guarda um concelho com conteúdo para trabalho cinematográfico? É uma região que inspira?
R – Sem dúvida que o concelho tem muito encanto, vejo muito potencial e uma beleza natural de alto a baixo, que corre as montanhas e os vales que envolvem as freguesias da Guarda. Tão parecidas, mas depois tão diferentes e únicas.

P – O segundo projeto que a trouxe à região foi o “Beat na Montanha”, de inclusão social, que decidiu documentar. Já tinha trabalhado em projetos deste género? Como foi a experiência?
R – O “Beat na Montanha” foi um projeto muito único e distinto de tudo o que fiz até hoje e por isso mesmo vai ficar sempre guardado num sítio muito especial.
Não tinha feito nada parecido, mas foi como dar um salto de queda livre. Não sabes ao que vais, mas a vontade leva-te. A experiência foi de facto muito bonita e gratificante. Passei por várias fases e até mesmo frustrações (que só tinham a ver comigo e com o facto de estar a fazer o documentário sozinha), mas isso também me fez ganhar ainda mais calo a nível profissional. Fez com que provasse a mim própria que em certas coisas a imperfeição faz a perfeição e sem dúvida que aprendi muita coisa. Valeu tudo a pena e a prova disso foi o carinho que deram no dia do concerto e a felicidade que o projeto trouxe a todos os miúdos envolvidos.

P – O filme “Quando o Diabo Reza” e mesmo o avançar do projeto “Beat na Montanha” colocaram o nome da cidade mais alta nas televisões, jornais, rádios… Vê o seu trabalho também como um meio de divulgação de regiões?
R – A série de filmes onde está inserido o “Quando o Diabo Reza” já tinha esse pressuposto e quando eu descobri a residência artística “Beat na Montanha”, de Luís Sequeira, quis também dar-lhe essa visibilidade tanto ao projeto, como a criação artística em cidades como a Guarda.

P – Será que vamos ver a Guarda representada em mais filmes realizados pela Fabiana Tavares? Já há planos ou ideias?
R – Estarei sempre disponível para voltar a trabalhar numa cidade que me recebeu tão bem. Nunca se sabe.

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FABIANA TAVARES

Realizadora do telefilme “Quando o Diabo Reza” e do documentário “Beat na Montanha”, rodados na Guarda

Idade: 33 anos

Naturalidade: Porto

Profissão: Realizadora

Currículo (resumido): Licenciatura em Cinema, Vídeo e Comunicação Multimédia pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (2014); “Freelancer” em várias produtoras de 2016 a 2018; Trabalhos em publicidade entre 2018 e 2021; Realizadora do telefilme “Quando o Diabo Reza” (2021), da série “Contado por Mulheres” da RTP; e do documentário/ ficção “Beat na Montanha”, que também produz

Livro preferido: “Jerusalém”, de Gonçalo M. Tavares

Filme preferido: Impossível nomear um

Hobbies: Fotografia analógica, filmes, livros e música.

Sobre o autor

Efigénia Marques

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