Cara a Cara

«O que tem mantido a capeia arraiana é o orgulho numa tradição que se perde no tempo»

Cara
Escrito por Efigénia Marques
P – A poucos dias do arranque da época das capeias arraianas no concelho do Sabugal, qual vai ser o contributo da Confraria dos Amigos da Capeia Arraiana? R – A Confraria dos Amigos da Capeia Arraiana (CACA) está em fase de implementação, mas um contributo importante é a presença dos confrades nas diversas ocorrências das 13 “Terras do Forcão”; encerro, capeia e desencerro. Para além daquilo que já fez, na animação do território, pretendemos, já este ano, implementar o Passaporte da Capeia, de modo a escolher o “Rei das Capeias”, através dos necessários carimbos. É um exemplo. P – Para que serve e o que se propõe fazer a confraria para promover esta tradição? R – A Confraria da Capeia Arraiana é uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, e tem por objetivos a defesa, o prestígio e a valorização das tradições seculares ligadas à manifestação de cultura popular capeia arraiana. Resumidamente, pretende dar contributos para a preservação da capeia arraiana como elemento da identidade arraiana. Por exemplo, através de exposições e edições bibliográficas. P – Não houve capeias nos últimos dois anos devido à pandemia, a expectativa é grande no Sabugal. Este regresso tem todos os ingredientes para correr bem? R – A vontade é muita e a Raia estava ansiosamente à espera deste regresso à normalidade. Sem a capeia o despovoamento encontra terreno fértil para crescer, a acrescentar a outras dificuldades que as nossas terras têm. As capeias de Páscoa em Aldeia da Ponte e Alfaiates, também o Carnaval, na Lageosa e Aldeia do Bispo, e outras iniciativas no Soito, foram a demonstração de que quer os residentes, quer a diáspora “precisava disto como de pão para a boca”. P – O que tem mantido esta tradição num município afetado pelo despovoamento? R – É a tal identidade, o orgulho numa tradição que se perde no tempo, que surgiu de forma espontânea e resistiu a todas as dificuldades. A capeia não se diz: sente-se e vive-se, e é esse sentir e esse viver que são únicos e insubstituíveis. P – E o que falta fazer para divulgar e proteger a capeia arraiana? R – Para divulgar já muito se tem feito, como o trabalho desenvolvido pela Câmara Municipal do Sabugal e o registo no Património Imaterial Português. Esse trabalho é já uma proteção da essência da capeia face às alterações demográficas, económicas, sociais e culturais. A capeia deve acontecer no território onde surgiu. _______________________________________________________________________

ANTÓNIO PEREIRA DE ANDRADE PISSARRA

Presidente da Confraria dos Amigos da Capeia Arraiana Idade: 60 anos Naturalidade:Vila Garcia – Casado em Aldeia Velha – arraiano por adoção/coração Profissão: Professor do ensino superior politécnico Currículo: 34 anos no IPG, em diversas funções e órgãos; Vice-presidente do NDS; Presidente do Guarda Unida Desportiva; Diretor do jornal “Nova Guarda”; Comissário Desportivo FPAK e membro do Conselho Consultivo da ERC Livro preferido: Os que li na infância e juventude (ex: “Bel Ami”, de Guy de Maupassant) Filme preferido: Dois, de muitos – “Do céu caiu uma estrela”, de Frank Capra, e “Novecento”, de Bernardo Bertolucci Hobbies: Ginásio, ler, ouvir música, associativismo, viajar

Sobre o autor

Efigénia Marques

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