P – Um ano depois da criação do Guarda Up, qual é o balanço?
R – Quero começar por agradecer a todas as pessoas que fazem parte da estrutura da Escola Desportiva – Guarda UP, sem eles não seria possível registar o sucesso que temos vindo a obter ao longo do primeiro ano de existência. Relativamente a este primeiro aniversário (7 de maio) fazemos um balanço extremamente positivo, tendo em conta os objetivos que nos propusemos quando arrancámos com este projeto. O Guarda UP tem vindo a realizar um trabalho de desenvolvimento desportivo sustentado, com bastante aceitação na comunidade. Apesar de termos somente um ano de existência já contamos com títulos distritais e um lugar respeitável a nível nacional. Temos mais de 60 jovens a praticar basquetebol, modalidade que estava com um reduzido número de praticantes a nível distrital. Contamos ainda este ano conseguir ser o primeiro clube distrital a ser considerado Escola Portuguesa de Minibasquete da Federação Portuguesa de Basquetebol. Temos também promovido a prática desportiva informal com o grupo de masters, dirigido à faixa etária dos adultos, e que tem tido uma adesão bastante positiva.
Por tudo isto só podemos estar orgulhosos do nosso primeiro ano de existência.
P – Quais foram as principais dificuldades que o clube teve?
R – Gostaria, em primeiro lugar, de agradecer aos pais dos nossos atletas porque, com a dinâmica que se foi instituindo, graças a eles temos conseguido superar grande parte das dificuldades. As nossas principais dificuldades prendem-se com o transporte para as competições e o número reduzido de horas disponíveis em pavilhões com os requisitos exigíveis para a prática da modalidade. Apesar do esforço e apoio do município, tendo em conta as circunstâncias do desporto da Guarda, na atribuição de horas dos espaços que permitem a prática desportiva, esta oferta não nos permite passar a patamares de excelência sem recurso a outras entidades. Por exemplo, para as três equipas que participam em competições nacionais apenas temos disponíveis, no total, três horas nos pavilhões em que se podem realizar competições oficiais, o que é manifestamente insuficiente para os objetivos a que nos propomos. Também deveria ser melhorada a qualidade das instalações/ equipamentos desportivos da cidade. Tendo em conta estas limitações, este grupo de atletas está de parabéns pelo empenho e trabalho que demonstram, tendo conseguido resultados notáveis. Ainda assim, e devido aos esforços de todos os envolvidos, temos superado estas dificuldades através da criação de sinergias com algumas entidades locais. Apesar disso, a nossa visão é a de encarar os problemas de forma proativa e positiva, indo sempre à procura de soluções para as dificuldades, nunca nos prendendo demasiado àquilo que são os constrangimentos que vão surgindo. Obviamente, também gostaríamos de poder contar com mais patrocínios, sendo uma área que continuaremos a explorar.
P – Quantos atletas tem atualmente? E quais os escalões em que compete?
R – Atualmente contamos com aproximadamente 70 atletas desde os 3 aos 18 anos. No âmbito da prática federada participámos nesta época nos escalões sub-14 masculinos, sub-14 femininos, sub-16 masculinos e sub-18 masculinos, tendo obtido os títulos de campeões Distritais no Escalão de sub-14 masculinos e o título no campeonato ABGuarda/ ABViseu no escalão de sub-14 femininos. Nestes dois escalões estávamos até março a participar no Torneio Interassociações. Nos sub-16 e sub-18 masculinos conseguimos um meritório segundo lugar nos campeonatos distritais. Saliento que o no escalão de sub-16 80 por cento da equipa era constituída por atletas de idade sub-13/14. O escalão sub-18 masculinos estava a participar na Taça Nacional. Além dos escalões de competição temos em funcionamento a nossa escola de minibasquete com as equipas mini-6, mini-8, mini-10 e mini-12, tendo participado em vários torneios e convívios.
P – Qual foi o impacto da pandemia do coronavírus na atividade do clube?
R – Este é sem dúvida um dos grandes desafios da nossa sociedade, nomeadamente no referente à prática da atividade física. Por indicação das entidades competentes, todos os espaços desportivos e competições desportivas estão suspensas. Como tal, desde 10 de março que não estamos a treinar. A época estava planeada e tínhamos muitos compromissos, desde competições de âmbito nacional a torneios internacionais para os vários escalões que, devido à pandemia não se realizaram. Tínhamos também atletas que iriam integrar as seleções distritais e que dadas as contingências este ano foram canceladas. Penso que esta pandemia acabou por ter um grande impacto em quem (estrutura técnica, atletas, pais) considera o basquetebol uma forma de estar na vida. Como referi, as nossas atividades estão suspensas até que nos seja possível retomá-las, mesmo que seja de forma condicionada. Apesar da pandemia a estrutura técnica não parou a sua atividade e estamos já a delinear o regresso para quando este seja possível.
P – E que projetos tem para o futuro?
R – Temos a ambição de continuar o nosso crescimento, alastrando para outras modalidades os nossos valores e princípios. Atualmente somos já um clube federado na Federação Portuguesa de Atletismo e estamos em processo de filiação na Federação Portuguesa de Rugby. Proximamente iremos também iniciar a filiação na Federação Portuguesa de Voleibol através do Gira-Volei. A partir da próxima época pretendemos implementar a estrutura de uma verdadeira Escola Desportiva nos escalões pré-competitivos de formação infanto-juvenil, através da implementação de programas próprios e diferenciadores. Esta perspetiva irá permitir o crescimento da participação desportiva através do desenvolvimento de competências motoras que permitirão aos nossos jovens terem um conjunto alargado de vivências, permitindo-os não só aumentar o gosto pela prática desportiva, como também poder optar pela prática de modalidades que não estão enraizadas na nossa cidade. Ao nível dos escalões competitivos na modalidade de basquetebol pretendemos melhorar o nosso desempenho em todos os escalões em que participamos para tornar o clube uma referência não só a nível local, mas também a nível nacional. Outro dos projetos que pretendemos implementar, mas que está dependente de apoios e ajudas externas ao clube, é a participação no campeonato no escalão Masters de basquetebol, uma prova destinada a pessoas com mais de 35 anos, cumprindo desta forma um dos nossos propósitos, que é envolver as pessoas numa prática desportiva continuada ao longo de toda a vida: “Active for Life”.
P – Na Guarda tem havido alguma divisão entre clubes de basquetebol, isso é positivo ou tem contribuído para prejudicar o desenvolvimento da modalidade?
R – Antes de mais não considero que o termo mais correto seja divisão. Existem três clubes na cidade que têm seguido caminhos e forma de atuar distintos. Temos perspetivas diferentes do que é a prática desportiva formal e como tal será normal que não se sigam as mesmas linhas de pensamento e de ação. A Escola Desportiva – Guarda UP rege a sua ação por uma prática diferenciadora com técnicos qualificados e em constante atualização de forma a proporcionar aos seus atletas as melhores vivencias e experiências possíveis. Naturalmente, os clubes poderão sentir-se mais ou menos confortáveis com a atuação e o modo de estar dos outros. Cada clube deverá realizar o seu caminho em função dos objetivos que tem definidos. O Guarda UP tem o seu caminho bem definido e tem claro que irá respeitar todos os agentes desportivos das diversas entidades, respeitando sempre os diferentes pontos de vista e perspetivas que possam surgir. Seguiremos o nosso caminho cumprindo os objetivos propostos que permitiram à Escola Desportiva – Guarda UP uma projeção de âmbito distrital e nacional.
Perfil de Daniel Branquinho:
Presidente da Escola Desportiva – Guarda UP
Idade: 36 anos
Naturalidade: Guarda
Profissão: Professor de Educação Física
Currículo: Licenciatura em Ciências do Desporto e Educação Física pela Faculdade de Motricidade Humana; Mestre em Treino Desportivo para Crianças e Jovens pela Universidade de Coimbra; Treinador certificado de basquetebol desde 2001, com passagem por vários clubes do distrito e de Lisboa; Selecionador distrital; Formador nos cursos de treinador de basquetebol; Treinador da equipa do IPG; Membro associado da IPLA (International Physical Literacy Association); Diretor técnico regional da Associação de Basquetebol da Guarda
Livro preferido: “O Velho e o Mar”, de Ernest Hemingway
Filme preferido: “Remember The Titans”
Hobbies: Desporto, leitura, cinema e viajar