Cara a Cara

«No Código do Trabalho o Governo PS não cede aos patrões nem à política neoliberal»

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Escrito por Efigénia Marques

P – O que está em causa nos 49 anos do 1º de Maio?
R – Hoje estão em causa muitos direitos fundamentais. Estamos a entrar num processo económico neoliberal muito forte que põe em causa o direito ao trabalho e o trabalho com direitos. Alarga também a precariedade como instrumento no trabalho dos jovens e que depois tem influência no rendimento e na qualidade de vida das famílias. É preciso dizer aos jovens que a precariedade é um mal instalado e, aos patrões, que isso não fixa pessoas, não aumenta a demografia e não aumenta um projeto de futuro para Portugal. O 49º aniversário do 1º de Maio em liberdade é também uma mensagem para todos os jovens, todos os trabalhadores e todos os patrões que temos que continuar a lutar por melhores condições de vida porque elas é que determinam uma correção demográfica no país. Na nossa região temos ainda os problemas da interioridade, da falta de profissionais no Serviço Nacional de Saúde, da falta de jovens e de termos uma população envelhecida. Os problemas do país são grandes, mas aqui são muito maiores. Por isso, lanço já o desafio para no próximo ano, em que se comemoram os 50 anos do 1º de Maio em liberdade, estarmos todos na rua a lutar e a reivindicar melhores condições de vida e de trabalho.

P – No dia 1 de maio entraram em vigor algumas alterações à Lei do Trabalho. São mudanças que satisfazem a União de Sindicatos da Guarda?
R – Não, de maneira nenhuma. Há alterações que não vêm beneficiar nada os trabalhadores. Continuam as normas da caducidade, continua a não estar introduzido o tratamento mais favorável para o trabalhador, claro que há coisas mais ou menos positivas, como o alargamento da licença parental para o pai, mas são pormenores. No bolo geral da contratação coletiva do Código do Trabalho e dos contratos coletivos para os trabalhadores são pequenos pormenores naquilo que é essencial, e o essencial é o fim da caducidade, o tratamento mais favorável. Isso, para nós, é que é a bandeira, mas aí o Governo PS não cede aos patrões nem à política neoliberal.

P – O Dia do Trabalhador é também uma oportunidade para chamar a atenção para outras reivindicações. Quais são?
R – Neste 1º de Maio levantamos bem alto a necessidade de defender os serviços públicos, a escola pública, o Serviço Nacional de Saúde, a proteção social, os transportes, o direito à habitação, o acesso à justiça, o poder local democrático. É necessário investimento e melhoria das condições de vida dos trabalhadores porque é da sua atividade que dependem os direitos de todos. É por isso tudo que estamos na rua, mas também para exigir ao Governo que defenda os trabalhadores, os pensionistas, as reformas condignas e as creches gratuitas para os pais poderem ir trabalhar descansados, entre outras ações que consideramos essenciais.

P – A CGTP, à qual pertence a União de Sindicatos da Guarda, defende o aumento de 10 por cento nos salários e a subida do salário mínimo para 850 euros. É razoável?
R – As nossas propostas são claras. O aumento de 10 por cento nos salários, com um mínimo de 100 euros e retroativos a janeiro, é uma questão central no momento que o país atravessa. O salário nacional afasta-se cada vez mais da média salarial da União Europeia, por isso, além desse aumento imediato defendemos ainda aumentos intercalares para todos os que não tiverem aumento ou caso este tenha ficado aquém das necessidades. Assim, reivindicamos que o salário mínimo aumente para 850 euros porque há cada vez mais portugueses em situação ou em risco de pobreza. A luta dos trabalhadores é muito importante para continuar a garantir direitos, salários dignos e um Estado Social que assegure a todos uma vida digna. Hoje temos um nível de precariedade imenso, temos muitos jovens sem trabalho ou com salários muito baixos para as suas qualificações. Mas a verdade é que o caminho dos últimos anos, no que respeita a leis laborais, tem resultado no prejuízo para os trabalhadores, e isto por causa da política neoliberal dos últimos governos.

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JOSÉ PEDRO BRANQUINHO

Coordenador da União de Sindicatos da Guarda

Idade: 58 anos

Naturalidade: Vila Nova de Foz Côa

Profissão: Técnico de Informação Turística

Currículo (resumido): Guia no Parque Arqueológico do Vale do Côa; membro da direção do Sindicato em Funções Públicas e Sociais da Região Centro, coordenador da União de Sindicatos da Guarda desde 2013; Dirigente associativo e membro da Direção Regional da Guarda do PCP e do seu executivo; Candidato da CDU em Vila Nova de Foz Côa nas eleições autárquicas de 2015 e cabeça de lista da CDU pelo círculo da Guarda nas legislativas de 2011.

Livro preferido: Não indicou

Filme preferido: Não indicou

Hobbies: Leitura e caça

Sobre o autor

Efigénia Marques

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