Cara a Cara

«Esta união do associativismo da Guarda é muitas vezes invejada lá fora»

Raquel Castelo
Escrito por Efigénia Marques
P – Porque decidiu candidatar-se à presidência da Federação das Associações Juvenis do Distrito da Guarda? R – Comecei no associativismo quando decidi fazer parte da Associação de Estudantes da minha escola, em Pinhel. Nessa altura não fazia ideia do que era, mas depressa descobri e me interessei pelo associativismo. Em 2017, José Martins convidou-me para a lista para a direção do Grupo de Amigos do Manigoto, uma vez que fazia parte do grupo de teatro da associação desde 2015. O bichinho do associativismo foi-se fomentando em mim e percebi que esta podia ser uma maneira de fazer mais pela minha comunidade. Em 2019 integrei a lista de António Bico para a Federação de Associações Juvenis do Distrito da Guarda e fui participando em várias atividades e eventos, representando a federação. Quando chegámos a altura de eleições e o António tinha de deixar a presidência fez todo o sentido para mim avançar. Contei com o apoio da minha família, dos meus amigos e de toda a família associativa. Este apoio foi essencial para poder avançar com a segurança de que todos estariam lá para o que fosse preciso. P – No que se baseia a Federação e qual o seu papel? R – A Federação da Guarda nasceu em 1998, fruto da pretensão de se criar a nível distrital um organismo coletivo para confronto de ideias entre as várias associações e contribuir para o bem-estar social. O principal objetivo é satisfazer as necessidades dos seus associados com a dinamização das associações distritais, promoção de convívio entre as mesmas, intercâmbios e atividades que fomentem o espírito crítico e a troca de ideias entre os jovens dirigentes. Não deixar o associativismo morrer no nosso distrito é essencial e aqui a Federação tem um papel acrescido tanto na ajuda prestada às associações existentes, como no apoio a jovens que pretendem criar as suas associações. Por vezes o processo burocrático é uma barreira que impede muitos de avançar. O que a Federação faz é simplificá-lo, ajudando em todo o processo e dando condições para avançarem. Muitas associações não têm, no início, condições físicas para se reunirem, pelo que a Federação também disponibiliza de forma gratuita a sua sede para o efeito. P – Como está o movimento associativo no pós-pandemia? R – Mais parado que o normal, mas, felizmente, não a cem por cento. A pandemia veio parar as atividades de várias associações, no entanto, muitas delas viram nesta situação mais uma oportunidade para fazer o que fazem de melhor: ajudar as suas comunidades. Fizeram-no através de ações de sensibilização, distribuição de alimentos, apoio aos mais idosos, etc. Esta geração de jovens é a mais bem preparada de sempre e, apesar dos entraves que o associativismo enfrentou devido à pandemia, muitos jovens souberam reinventar-se e virar o seu foco de atuação para o que era mais necessário na altura. Muitas associações usaram as tecnologias para reinventar a forma de trabalhar, realizando online muitas atividades e reuniões. No pós-pandemia assistimos a um regresso lento à normalidade (ainda que dentro de alguns limites), as associações começam agora a trazer de volta algumas atividades em modo presencial. Também a Federação está a fazer essa transição. Prova disso é o regresso do Encontro Distrital de Associações Juvenis do Distrito da Guarda, o mais antigo do país. No ano passado fomos obrigados a cancelá-lo e voltamos agora em grande e de forma presencial, na cidade de Pinhel… O que me deixa particularmente vaidosa por poder organizá-lo na minha terra, onde faremos também a cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos sociais da Federação, eleitos no passado sábado. P – O facto de só ter sido apresentada uma lista para esta eleição pode significar que o associativismo e o interesse dos mais jovens pode estar comprometido? R – Podemos interpretar isso de várias formas. Eu não o vejo dessa maneira, a minha candidatura conta com a participação de, pelo menos, um jovem dirigente de cada concelho do distrito da Guarda – onde há associações juvenis. Isto prova o apoio que a minha candidatura teve a nível distrital. Penso que somos e estamos muito unidos e, melhor que isso, sabemos reconhecer o trabalho de cada um e que há espaço para todos. Gostamos de trabalhar juntos e queremos todos o melhor para o associativismo do distrito porque sabemos que a união e o trabalho conjunto são o caminho para o sucesso. Isto não acontece em todo o lado, esta união do associativismo da Guarda é muitas vezes invejada lá fora. Fico muito contente e orgulhosa que aqui seja assim, porque o sucesso da Federação é o sucesso de todo o associativismo do distrito. P – Quais os projetos que pretende implementar neste mandato? R – De início, o importante é retomarmos a normalidade, voltarmos ao ativo, preferencialmente de forma presencial. Depois, visitar as associações do distrito para conversar e conhecer as suas necessidades no pós-pandemia para termos noção da realidade de cada uma e podermos ajudar naquilo que nos for possível. Desta forma conseguiremos que o associativismo distrital volte “à carga”, que é um dos meus principais objetivos. A longo prazo, é importante motivar os jovens, tanto aqueles que já fazem parte do mundo associativo, como os que ainda não fazem. A estes últimos vamos dar especial atenção e esforço, pois gostava que todos os concelhos do distrito pudessem ter, pelo menos, uma associação juvenil, coisa que ainda não se verifica. Organizar eventos da Federação nesses concelhos e atividades junto das escolas talvez seja o caminho.  

RAQUEL CASTELO

Presidente eleita para a Federação das Associações Juvenis do distrito da Guarda Idade: 22 anos Naturalidade: Pinhel Profissão: Jurista Currículo (resumido): Licenciada em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra; A frequentar o mestrado em Direito com Menção em Direito do Ordenamento, Urbanismo e Ambiente na mesma faculdade; Deputada municipal da Assembleia Municipal de Pinhel. Filme preferido: “Top Gun – Ases Indomáveis”, de Tony Scott Hobbies: Teatro

Sobre o autor

Efigénia Marques

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