Cara a Cara

«Em 2022 as receitas turísticas manter-se-ão abaixo dos valores de 2019»

Cara A Cara
Escrito por Efigénia Marques

P – Como está a restauração na Guarda num pós-Covid? R – Tendo sido dos setores mais afetados pela pandemia, obviamente que a restauração está atualmente a atravessar muitas dificuldades fruto de mais de ano e meio com fortes quebras de faturação, ao mesmo tempo que teve de assegurar muitos dos seus custos. Apesar de existirem apoios, estes, além de insuficientes, não chegaram de forma célere e ágil a todas as empresas, colocando-as numa situação de crise financeira que, para muitas, culminou em insolvências. Esperamos que os sinais de alguma retoma que se têm sentido se consolidem para que possa falar numa verdadeira recuperação.

P – Que medidas acha importantes implementar para apoiar o setor na região, não só do Estado, mas também das autarquias? R – É fácil de perceber que os efeitos da pandemia vão perdurar muito para além da crise sanitária, pelo que o Governo, para impulsionar a economia e travar a destruição de postos de trabalho, tem de apoiar e reduzir os custos de contexto das empresas da restauração e similares, mas também do alojamento turístico em áreas fulcrais como o apoio à liquidez, a aplicação temporária da taxa reduzida de IVA a todo o serviço de alimentação e bebidas e os incentivos ao consumo e à contratação de mão-de-obra. De acordo com previsões do próprio Governo, em 2022 as receitas turísticas manter-se-ão abaixo dos valores de 2019, razão pela qual se justifica que sejam tomadas este tipo de medidas, que deviam já constar do próximo Orçamento do Estado. As autarquias também são capazes de produzir impacto na vida das empresas, seja positivo ou negativo, uma vez que se relacionam de forma muito direta com as nossas atividades e em várias áreas, como os horários de funcionamento, a ocupação do espaço público por esplanadas e a aplicação (ou isenção) de taxas municipais. Com a descentralização/transferência de competências, esta é uma matéria que assume cada vez mais relevância.

P – Foi nomeado para a Comissão Diretiva da Guarda da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP). Quais são as suas prioridades? R – A AHRESP foi a eleições no passado dia 30 de setembro, tendo sido eleita uma nova lista, de que me orgulho fazer parte, agora enquanto presidente da Comissão Diretiva Distrital da Guarda. Sou uma “pessoa da terra”, profissional do setor, como tal conheço bem o tecido empresarial de todo o distrito e as minhas prioridades serão sempre no sentido de dar resposta às necessidades sentidas pelos agentes económicos de todos os setores representados pela AHRESP. Terei uma particular atenção em desenvolver produtos, serviços e parcerias que correspondam às expectativas dos associados deste distrito devidamente validados pela direção da AHRESP e a par do que habitualmente já é proporcionado nas mais diversas áreas. Por outro lado, irei trabalhar para reforçar a representatividade da AHRESP no distrito com mais associados, pois só desta forma teremos mais força para fazer valer os seus interesses.

P – É a primeira vez que há um representante da AHRESP na Guarda? Como surgiu a oportunidade? R – No mandato anterior fui nomeado pela então direção para ser presidente da Delegação da Guarda, cargo que exerci até às eleições. Entretanto, com uma alteração ao nível da representatividade territorial da AHRESP e fruto da política de proximidade que tem vindo a ser implementada nos últimos anos, as Comissões Diretivas Distritais e os seus representantes já não são nomeados como anteriormente, mas sim eleitos pelos associados do distrito a que pertencem. Julgo que este é um modelo ganhador e mais do agrado dos nossos associados.

P – Qual a importância de existir um representante do setor na região? R – Apesar de termos um país pequeno e de existirem problemas que são transversais a todas as regiões, cada uma tem as suas particularidades e por isso é tão importante a representatividade local. Facilmente se percebe que as características, as dinâmicas e mesmo as fragilidades das regiões do interior são diferentes das sentidas no litoral, e só através duma representação local se conseguem dar as respostas mais eficazes aos problemas sentidos. Por outro lado, com uma representação local estou certo que os associados se sentem mais apoiados e, sobretudo, mais acompanhados.  

TIAGO MARTINS

Presidente da Comissão Diretiva Distrital da Guarda da AHRESP

Idade: 37 anos

Naturalidade: Guarda

Profissão: Cozinheiro

Currículo (resumido): Proprietário e gerente do restaurante “O Galego”, na Guarda

Filme preferido: “Matrix”, de Joel Silver Livro preferido: “Viver sem Chefe”, de Sergio Fernández

Hobbies: Enologia e viajar

Sobre o autor

Efigénia Marques

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