Cara a Cara

«Devemos medir as pessoas pela sua experiência e não pela sua idade»

Escrito por Jornal O INTERIOR

Entrevista a Hugo Carvalho, Presidente do Conselho Geral da Universidade da Beira Interior

P – Como surgiu a oportunidade de se tornar presidente do Conselho Geral da Universidade da Beira Interior (UBI)?
R- No fundo, aceitei o convite do senhor reitor de ser uma das sete personalidades cooptadas na comunidade para integrar o Conselho Geral (CG) após a eleição dos representantes dos professores, dos estudantes e dos não-docentes. Aceitei ser uma delas no espírito de ser e servir o Conselho Geral conforme entendesse. Na primeira reunião houve uma votação entre as sete pessoas cooptadas para liderar os trabalhos e, enfim, os 22 elementos pressentes entenderam que devia ser eu e aceitei o desafio.

P – Porque acha ter sido o escolhido?
R- Não lhe sei dizer… Provavelmente corria o risco de ser injusto com qualquer uma delas porque têm excelentes currículos e gostei de conhecer. Posso é dizer-lhe o que não me afasta de ser uma opção e que são exatamente as razões que entendo terem motivado a minha escolha para o CG, não como presidente, mas como membro cooptado. Tenho um percurso largo no ensino superior, no associativismo estudantil, no associativismo jovem, sempre lidei com várias instituições de ensino superior, com várias associações académicas, desde movimentos do desporto universitário aos apuramentos estudantis ou de representação política. Hoje também sou deputado pelo muito que fiz e, portanto, acredito que essas foram as razões que motivaram a minha escolha para o CG. Agora quero frisar que não me considero melhor do que qualquer outro elemento e também não me considero pior. Acho que todos têm provas dadas na sociedade.

P – Como se sente por ser o mais jovem presidente do Conselho Geral da UBI?
R – Como lhe disse tenho acompanhado o ensino superior há muitos anos e penso que, desde o regime jurídico das instituições de ensino superior, serei de certeza o mais novo. Este é um cargo para o qual costumam ser escolhidos os chamados “senadores”, ex-ministros, ex-reitores, pessoas com este tipo de percurso feito. Normalmente é desempenhado por pessoas mais velhas do que eu, mas quem me conhece sabe que eu acho que a idade não é um posto e, portanto, devemos medir as pessoas pela sua experiência e não pela sua idade. E eu fico muito feliz cada vez que sei de uma história em que isso acontece, aliás, isso acabou por acontecer um bocadinho comigo quando Rui Rio entendeu que devia ser cabeça de lista no distrito do Porto às legislativas. Fê-lo pela minha experiência e não pela minha idade.

P – Qual é a importância de um órgão como o Conselho Geral para o funcionamento da universidade?
R – É fundamental. Se recuarmos um bocadinho atrás, o regime jurídico de 2007 provocou talvez a maior transformação a nível da gestão democrática das instituições. O Conselho Geral é uma das provas disso, em que existe uma representação dos professores, dos estudantes e dos não-docentes, ou seja, todo o meio académico de uma instituição. E se isso acontecia de alguma forma antes com a representação das três forças vivas de uma instituição, atualmente são trazidas pessoas de fora que nada têm a ver com a instituição e aportam outras visões. Isso é, no fundo, aquilo que faço para a UBI, tal como outros fazem noutras universidades e politécnicos do país. No fundo, é vir de fora e fazer perguntas à instituição que a academia muitas vezes não se lembra de fazer a si própria. Trata-se, portanto, de trazer uma visão das empresas, da sociedade, uma visão internacional, às vezes política, uma visão de quem não está mergulhado nos órgãos de gestão interna da universidade.

P – Quais vão ser as vertentes que irão merecer mais atenção por parte do Conselho Geral?
R- Isso é uma questão que não lhe sei responder muito bem porque o CG são 29 pessoas e no futuro existirá um novo reitor, que pode estar ou não entre os 29. Essa responsabilidade será da nova equipa reitoral, que terá de apresentar os desafios da universidade a este órgão. Mas acho que é seguro dizer que o CG terá de se pronunciar e terá de enfrentar os próximos anos da universidade com um olhar sobre o que é a alteração profunda no ensino superior com o ensino à distância, com a realidade pandémica. A UBI, que é um dos polos de dinamização económica da Covilhã e da região, tem a responsabilidade de conseguir olhar para a sociedade e identificar situações de risco e tentar ajudar, caso dos estudantes que podem ficar com menos possibilidades financeiras para continuar a estudar devido à crise, ou até dos próprios professores. Na minha opinião, qualquer equipa reitoral terá de se pronunciar sobre isto e sobre as soluções que entende poderem surtir efeito.

 

HUGO CARVALHO

Presidente do Conselho Geral da Universidade da Beira Interior

Idade: 30 anos

Naturalidade: Viseu

Profissão: Deputado na Assembleia da República

Currículo: Mestrado em Engenharia Eletrotécnica de Computadores pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Foi presidente do Conselho Nacional da Juventude

Livro preferido: “Como transformar Portugal”, de Fernando Pessoa

Filme preferido: “Os Condenados de Shawshank”, Frank Darabont

Hobbies: Tudo que tenha a ver com música

Sobre o autor

Jornal O INTERIOR

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