Cara a Cara

«Com o CAVI, o meu dia é como eu quero”

João Pena
Escrito por Efigénia Marques

P – É um dos beneficiários do CAVI – Centro de Apoio à Vida Independente. De que trata este serviço?

R – A sigla CAVI significa Centro de Apoio à Vida Independente. O Decreto-lei nº 129/2017, de 9 de outubro, instituiu o programa Modelo de Apoio à Vida Independente (MAVI), que permite dar assistência pessoal às pessoas com deficiência para a realização de um conjunto de atividades que não possam realizar sozinhas e os CAVI são justamente a materialização do Modelo de Apoio à Vida Independente, uma vez que são as estruturas responsáveis pela disponibilização de assistência pessoal às pessoas com deficiência. Na Guarda, o CAVI pertence à ADM Estrela, que me disponibiliza todo o apoio e só tenho a agradecer o trabalho realizado até agora.

P- O que mudou no seu dia-a-dia com o CAVI?

R – O meu dia agora é como eu quero, nunca esquecendo que vivo com a minha mãe e é tudo combinado de modo não criar preocupações à família. Tenho as minhas tarefas profissionais e pessoais que organizo como quero, mantendo um ritmo de horários com tarefas regulares. Quando saio tenho quem me ajude no exterior, pois nem tudo está adaptado, vou quase a todo lado pois, mesmo que surja um imprevisto, tenho sempre comigo a assistente pessoal para me auxiliar no que for preciso. Quando surge algum imprevisto tenho sempre o apoio do CAVI-ADM Estrela e das minhas assistentes de modo a ficar salvaguardado.

P – Atualmente ainda é um projeto-piloto, acha que é uma mais-valia para as pessoas com deficiência?

R -É uma enorme mais-valia, muda completamente a vida de quem é dependente de terceiros, em breve creio que deixará de ser um projeto piloto pois está mais que provado o beneficio que traz para o beneficiários e para a sociedade. A inclusão das pessoas portadoras de qualquer tipo de deficiência na sociedade é uma mais valia para todos, toda a gente é útil, todos nós precisamos uns dos outros. 

P – A Guarda é uma cidade mais inclusiva ou continua atrasada nesta matéria?

R – A Guarda podia já estar melhor, mas tem-se feito muita coisa boa, embora o que foi feito nem sempre seja bem feito. Podia haver incentivos às empresas para o emprego de pessoas com deficiência ou mesmo ações de sensibilização, para mostrar que todos podem ter um cargo profissional e estar incluídos. Pela experiência que tenho já constatei muitas vezes com outras pessoas com deficiências que são excelentes profissionais e não são aproveitados na sociedade.

P – Quais são os principais problemas que enfrenta quando tem que se deslocar na cidade?

R – Na cidade têm sido feitas algumas obras muito úteis para quem tem dificuldade em se deslocar, mas falta ainda muita coisa e nem tudo está bem feito, como já disse, mas acredito que há essa vontade. Em breve será feito, por exemplo, com o acesso em todos os passeios, o acesso ao comércio da cidade, a instituições públicas, como o museu, as pessoas têm que ter a noção que deixar todos os locais acessíveis é útil para todos. É urgente alterar o que está mal feito e tornar a cidade acessível para que todos possam deslocar-se, só assim teremos uma Guarda mais inclusiva e poderemos começar a ver mais pessoas com mobilidade reduzida nas ruas. Saio bastantes vezes, principalmente no centro da cidade e muito raramente encontro outras pessoas com mobilidade reduzida. Na Guarda há muita gente metida em casa e não sai para a rua por falta de acessibilidades, só quando se puder circular sem dificuldade é que iremos ver essas pessoas na rua, como todos gostaríamos. _________________________________________________________________________

JOÃO PENA FONSECA

Idade: 51 anos

Naturalidade: Covilhã (residente na Guarda desde os 6 anos)

Profissão: Empresário nome individual na área da fotografia

Livro preferido: “O Dom de Voar”, de Richard Bach (por ter sido o primeiro)

Filme preferido: “Intouchables” (“Amigos improváveis”), de Olivier Nakache e Éric Toledano (2011)

Hobbies: Música, cinema e fotografia.

Sobre o autor

Efigénia Marques

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