Cara a Cara

«Com esta fonte tipográfica quero homenagear os artesãos e a Covilhã»

Caraacara Leandro Ferreira
Escrito por Efigénia Marques
P – Começando por si, quando é que o Design Gráfico entrou na sua vida? R – Comecei por tirar um curso de técnico de multimédia na Escola Secundária Quinta das Palmeiras, na Covilhã. Este gosto pelo design gráfico já vem muito de trás. Depois decidi ingressar na Universidade da Beira Interior para tirar a licenciatura em Design e Multimédia e agora, por fim, optei por um mestrado em Empreendedorismo e Criação de Empresas. Sempre tive algum gosto por esta área quando era mais novo. Trabalhava muito com “softwares” como o Photoshop e o Illustrator, que já eram muito comuns na altura e fazia coisas para “fortuns” online. Creio que começou por essa vertente e pela paixão das letras, que, mais à frente, vim a descobrir que realmente é o que gosto de fazer nesta área.   P – Porquê criar uma fonte tipográfica e como foi o processo? R – Este último ano tenho andado muito nesta vertente de criar fontes tipográficas e esta apareceu por acaso. É curioso. Ia para um café com os meus colegas, no centro histórico da Covilhã, e lembrei-me de passar numa rua completamente diferente e por outro caminho. Dei por mim a olhar para uma placa antiga de mármore (esculpida pelos artesãos da Covilhã), onde apresentavam as sinaléticas. Achei muito interessante devido à letra mais predominante nessa placa, a letra G, que tinha, de certa forma, uma “garra” muito engraçada. Tirei uma fotografia e fiquei a pensar que devia tentar fazer alguma coisa com isso, e foi o que eu fiz quando cheguei a casa. Foram cerca de três meses de algum trabalho para criar esta tipografia. P – Quem quer homenagear com este projeto? R – O objetivo sempre foi, em primeira instância, homenagear os artesãos portugueses, visto que a maneira como a tipografia se encontrava era muito “humana”, muito esculpida. Havia letras que se apresentavam de maneira completamente diferente, foram feitas por mão humana e não por uma máquina. Portanto, o primeiro objetivo sempre foi homenagear os artesãos, mas depois, evidentemente, estas placas e as sinaléticas estava inseridas na Covilhã, por isso, fazia sentido também prestar uma homenagem à Covilhã através desta fonte tipográfica. P – Quanto ao futuro, tem novas iniciativas e projetos em perspetiva ou quer continuar a explorar a tipografia? R – Vejo-me a trabalhar na área do design, isso é óbvio. É o primeiro pensamento que tenho. No entanto, esta questão da tipografia é um nicho muito presente no mercado, uma coisa muito específica e difícil de arranjar trabalho. O meu objetivo, enquanto estava a trabalhar, era fazer um site para publicar a tipografia porque, de certa forma, é mesmo o que gosto e me vejo a fazer. Quanto a futuros projetos, de momento estou a trabalhar num. Também é uma tipografia, mas não quero adiantar mais pormenores porque estou numa fase de descobrimentos – há coisas que poderão não ser finais. Mas é uma tipografia com algumas raízes na Covilhã. E sim, vejo-me sempre a trabalhar na área da tipografia de maneira mais intensa. P – Onde gostava de ver a fonte tipográfica que criou exposta ou utilizada? R – Esta fonte, como o nome diz, é Galhau Display. “Display” vem muito do nome para grandes manchetes, ou seja, não é uma tipografia para ser usada em texto corrido. É texto para ser usada em manchete, em embalamento, entidades corporativas, etc. E obviamente que me fazia muito feliz ver esta tipografia a ser usada. Sei que funcionaria bem em posters que espelhem a contemporaneidade e seria, de certa forma, muito bom vê-la inserida nesses projetos. P – Há alguma curiosidade sobre esta tipografia que devemos saber? R – A curiosidade mais característica da fonte é a letra G. Existem várias características que não são visíveis a olho nu. As pessoas interagem com a tipografia todos os dias e nem dão conta de algumas características que as fontes têm. Há algumas ilusões óticas muito engraçadas que as pessoas não dão conta. _______________________________________________________________________

LEANDRO FERREIRA

Criador da fonte tipográfica “Galhau Display” Idade: 24 anos Naturalidade: Covilhã Profissão: Designer Gráfico Currículo: Tirou o curso Técnico de Multimédia na Escola Secundária Quinta das Palmeiras; Licenciou-se em Design e Multimédia na Universidade da Beira Interior e integrou o mestrado em Empreendedorismo e Criação de Empresas também na UBI Livro preferido: “Chernobyl”, de Serhii Plocky Filme preferido: Saga “Harry Potter” Hobbies: Ver Fórmula 1 e estar com amigos

Sobre o autor

Efigénia Marques

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