Cara a Cara

«As soluções com relevância para a Guarda têm de passar por diálogos multidisciplinares e entendimentos estratégicos»

Escrito por Jornal O Interior

Esta quinta-feira, decorreu na Guarda um jantar de angariação de fundos para recolher donativos destinados à prevenção da Poliomielite, organizado pelo Rotary Club da Guarda (uma associação de clubes de serviços, com representação internacional, cujo objetivo é unir voluntários para prestar serviços humanitários e promover valores éticos e a paz a nível internacional).

Segue-se a entrevista a António José Quinaz, Presidente do Rotary Club da Guarda, envolvido na organização deste evento.

P – O Rotary Club da Guarda assinalou o Dia Mundial de Combate à Polio com um jantar de recolha de donativos esta quinta-feira, na Guarda. O que é a Poliomielite? É uma doença que ainda existe em Portugal?
R – A poliomielite, também chamada de paralisia infantil, é uma doença infeciosa viral aguda transmitida de pessoa a pessoa, principalmente pela via fecal-oral. O último caso registado em Portugal data de 1986. Foi considerada oficialmente eliminada no nosso país e na Europa em 2002. Em 1985 foram identificados no mundo mais de 250.000 novos casos e em 2018 apenas 30 em regiões do Afeganistão e Paquistão.

P – A vacinação é a forma mais eficaz para combater esta doença?
R – Como doença, a Poliomielite não tem cura. A vacinação é a melhor medida preventiva para a combater. O problema é que num mundo global é extremamente difícil circunscrever um vírus, pelo que, enquanto não for erradicado, o problema continuará a ser de âmbito mundial. Quanto mais nos aproximamos do objetivo da eliminação, mais importante é a questão da vacinação que, por isso, terá de ser abordada com a máxima determinação.

P – Após o jantar, houve também um debate sobre “Desenvolvimento Económico e Comunitário” relativamente à região da Guarda? O que se pretende?
R – Rotary é um movimento mundial que promove, através da atividade profissional dos seus associados, a identificação e o apoio à resolução de problemas no mundo, mas também na comunidade em que se insere. O Rotary Internacional recomenda aos seus 33.000 Clubes que abordem e reflitam sobre determinados temas. “Desenvolvimento Económico e Comunitário” é o tema sugerido para geração de iniciativas no mês de outubro. Em 2018 abordamos esta mesma temática ao nível particular do autoemprego e do microcrédito. Em 2019 decidimos tratar o tema de uma forma mais abrangente e sobre diversas perspetivas. Acreditamos que, sempre que possível, uma reflexão sistémica é melhor que muitas reflexões limitadas por temas específicos.

P – Não concorda que os problemas já estão identificados há muitos anos, continuam é a faltar as soluções e medidas concretas para os ultrapassar?
R – O diagnóstico no essencial poderá estar feito. Contudo devemos estar sempre abertos a reavaliações. O mundo não para e a Guarda também não. Medidas pontuais vão surgindo. Só que pensamos que as soluções com relevância têm de passar por diálogos multidisciplinares e entendimentos estratégicos.

P – Na sua opinião, qual é o principal problema que afeta a Guarda?
R – De base, parece-me poder ser um problema de comunicação e talvez de humildade. É não fazermos o suficiente para promover que o desenho estratégico das soluções integre diversas perspetivas, sensibilidades, conhecimentos e que seja antes de mais pensado para o longo prazo. E já agora com o entendimento e o compromisso de todos.

P – O que pretende fazer a atual direção do Rotary Club da Guarda durante o seu mandato?
R – Em novembro, no dia 9, iremos receber os nossos companheiros do Rotary Club de Bejar (Espanha), com o qual temos uma geminação. Ainda em novembro vamos realizar uma iniciativa conjunta com a Ordem dos Engenheiros que irá integrar uma visita ao Data Center da Altice da Covilhã e um lanche debate sobre “Cloud, big data, segurança informática e Inteligência artificial”. No dia 11 de dezembro, como já acontece há vinte anos, iremos organizar com a Casa de Saúde Bento Menni o “Natal do Idoso”; em janeiro homenagearemos um profissional da nossa comunidade. A saúde materno-infantil, a água, a sustentabilidade ambiental serão também assuntos que irão merecer a nossa atenção, no sentido que, como Clube de serviços à comunidade que somos, nos propormos estudar, identificar e promover formas de intervenção que permitam ajudar a resolver problemas de forma relevante e duradoura.

Perfil de António José Quinaz:

Presidente da direção do Rotary Club da Guarda

Naturalidade: Freguesia da Sé (Guarda)

Idade: 59 anos

Profissão: Engenheiro eletrotécnico

Currículo: Delegado da PT e gestor de clientes na MEO e na Altice.

Filme preferido: “O Homem Elefante”, de David Lynch

Livro preferido: “Discurso do Método”, de René Descartes

Hobbies: Fotografia, simulação aérea e filantropia

Sobre o autor

Jornal O Interior

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