Cara a Cara

«A rota dos vinhos da Beira Interior vai surgir neste mandato»

Escrito por Jornal O Interior

P- Estava nos seus planos ser presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI)? Como aconteceu?
R – A curto prazo não. Aconteceu por que houve uma vontade de mudança por parte dos associados, que me desafiaram e incentivaram a presidir a CVR da Beira Interior. Como havia outra candidatura que não era consensual e depois de refletir muito sobre o superior interesse da CVRBI e da região, decidi avançar. Apesar de não estar nos meus planos ser presidente da CVRBI agora, sinto que estou preparado para exercer o cargo. Conheço os nossos associados, diria, como ninguém, a realidade da Comissão Vitivinícola e o sector do vinho em Portugal, uma vez que sempre acompanhei de muito perto as três direções com que trabalhei.

P – Que cunho pretende dar a uma entidade que ganhou notoriedade nos mandatos de João Carvalho?
R – Nos últimos sete anos trabalhámos em equipa estando sempre envolvido nesse caminho, juntamente com a Direção e a equipa que me acompanha na CVRBI. Vamos tentar UNIR mais os associados em torno de projetos de promoção da CVR. Não quero entrar em grandes detalhes neste momento, até porque esses projetos deverão ser discutidos e ponderados previamente com os meus colegas da direção.

P – Que projetos tenciona implementar?
R – A rota dos vinhos, de que falei na tomada de posse, será seguramente um deles e creio que trará mais valias para toda a Beira Interior, uma vez que será uma rota de território que aglutinará associados, autarquias, restauração hotelaria, aldeias históricas, etc…. Temos uma grande região, que abrange 20 municípios, e apesar de nem todos terem produção própria de vinhos, creio que todos ganharão ao entrarem neste projeto que será uma verdadeira rota turística com o vinho como locomotiva. Iremos também fazer um trabalho de recuperação e incentivo ao plantio das castas tradicionais da região, que nos servirão para marcar ainda mais a nossa identidade.

P – Será no seu mandato que vai surgir a rota dos vinhos da Beira Interior? O que falta fazer?
R – Seguramente que sim. Falta falar com os parceiros e apresentar o projeto (que está já em estado muito avançado), arranjar financiamento para o mesmo e implementá-lo no terreno.

P – Quais são as principais carências da CVRBI?
R – A CVR é uma casa com contas sãs, mas com parcos recursos e queremos naturalmente ter mais meios para a promoção. A CVRBI não recebe qualquer contribuição estatal, vive das receitas das taxas de certificação que cobra aos sócios (os selos de garantia que vão apostos nas garrafas) e com essas receitas tem de pagar as suas contas e libertar verbas, nomeadamente para a promoção.

P – Como está o vinho da Beira Interior no contexto nacional e internacional?
R – Está a ganhar notoriedade. E está a começar a despertar a atenção e a curiosidade de cada vez mais gente. Teremos de aproveitar ao máximo a tendência que há no mercado global pelos vinhos de altitude. O mundo, hoje, corre atrás dos vinhos de altitude, como são os nossos, que são vinhos com uma frescura marcante que lhe advém das vinhas em altitude, da sua finura em termos aromáticos, reflexo das grandes amplitudes térmicas que temos e de maturação mais lenta, das suas castas e do seu clima. Numa palavra o nosso terroir! Mas também temos outra singularidade. Somos uma região de excelência para fazer vinhos biológicos – somos a segunda região de Portugal com mais área de vinhas em modo de produção biológico, são cerca de 750 hectares. Estes vinhos (e temos já cerca de 12 produtores a fazer vinhos biológicos) são direcionados a um nicho de mercado importante e muito valorizado, nomeadamente nos países nórdicos, EUA, Japão, etc….

P – Qual é a sua meta em termos de quota de mercado?
R – Em 10 anos queremos duplicar o número de garrafas DO Beira Interior e IG Terras da Beira.

 

Perfil: Rodolfo Queirós

Presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior

Naturalidade: Marco de Canaveses

Idade: 44 anos

Profissão: Eng. Agrícola

Currículo (resumido): Licenciado em Engenharia Agrícola pela Escola Superior Agrária de Viseu, com uma pós-graduação em Marketing de Vinhos pela Escola Superior Agrária de Ponte de Lima; Detentor do Nível 3 pela da Escola Britânica Wine & Spirit Education Trust (WSET); Formador na área do Curso de Escanção (Atlas do mundo dos vinhos) no Turismo de Portugal e provador de vinhos em vários concursos nacionais e internacionais.

Livro preferido: “Equador”, de Miguel Sousa Tavares

Filme preferido: “O Resgate do Soldado Ryan”, de Steven Spielberg

Hobbies: Jogar futebol, estar com a família e amigos, viajar, ler.

Sobre o autor

Jornal O Interior

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