Cara a Cara

«A organização semestral do calendário escolar valoriza a dimensão formativa da aprendizagem»

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Escrito por Efigénia Marques
P – Como está o Agrupamento de Escolas de Trancoso (AET) no início deste ano letivo? R – A oferta educativa consiste na Educação Pré-Escolar, 1º, 2º e 3º ciclos do ensino básico e ensino secundário regular, registando-se um aumento significativo das disciplinas optativas que permitem a construção de um percurso formativo próprio. Prosseguimos o esforço de atração de alunos provenientes de concelhos limítrofes, assente numa oferta formativa diferenciada e inovadora. Para isso, no âmbito dos processos de autonomia e flexibilidade curricular, elaborámos pela primeira vez um Plano de Inovação. É uma oferta formativa de ensino secundário assente na matriz de artes visuais, com duas novas disciplinas (Design e Multimédia e Imagem e Comunicação) e agregando Português e Filosofia numa disciplina denominada Linguagem e Pensamento. Disponibilizamos ainda um leque variado de atividades extracurriculares, caso do clube do Desporto Escolar, de Artes, Teatro, Vamos Experimentar, Explorar a Europa, Música, Eco Escolas, Parlamento dos Jovens, Cidadania e Desenvolvimento, Academia de líderes Ubuntu, Natação e Yoga para o 1º ciclo, entre outras. P – Houve redução do número de alunos? Se sim, que estratégia vai adotar para captar mais estudantes? R – Este ano letivo estão em funcionamento por tipologia, seis grupos do ensino pré-escolar distribuídos por quatro jardins-de-infância, quatro escolas do ensino básico com primeiro ciclo, quatro escolas do ensino básico com 2º e 3º ciclos e uma escola do ensino secundário. O universo de alunos ronda as 7 centenas, sendo de cerca de duas centenas o pessoal docente e não docente. O número de alunos tem vindo a diminuir em linha com a variação demográfica negativa que os territórios de baixa densidade populacional registam. Como já referi, a aposta passa por oferecer percursos formativos próprios, diferenciadores e em consonância com o processo de transição digital que está a ocorrer, fazendo uso da centralidade reconhecida do concelho de Trancoso. P – Quais são as principais carências/ necessidades das escolas do Agrupamento? R – A baixa natalidade, os fluxos migratórios sobretudo da população mais jovem e o envelhecimento de grande parte da população residente são constrangimentos que não podemos ignorar, nem tão pouco alterar no imediato, mas que determinam a organização e planeamento educativo. A percentagem de alunos beneficiários da ação social escolar, o contexto socioeconómico, cultural e baixo nível de instrução das famílias dificulta o acompanhamento no processo educativo. Ao nível do pessoal docente e não docente verificam-se problemas relativos ao número, perfil e idade dos recursos humanos, que condicionam o serviço prestado. Finalmente, urge dar seguimento por parte da Câmara de Trancoso ao processo de requalificação do parque escolar que permitirá à comunidade educativa usufruir de melhores condições de ensino e aprendizagem. P – Que projetos tenciona implementar ao longo do ano? R – A principal novidade é a organização semestral do calendário escolar que, em nossa opinião, reforçará a valorização da dimensão formativa da aprendizagem e o aumento do “feedback” descritivo a encarregados de educação e alunos. A redução dos momentos de avaliação sumativa e diversificação dos processos de recolha de informação melhorará a operacionalização do perfil dos alunos e das aprendizagens essenciais, o trabalho colaborativo e a partilha de experiências. Este modelo proporcionará ainda mais momentos de pausa e a divisão dos períodos letivos de forma mais equitativa. Estamos conscientes da complexidade deste desafio, para o qual pretendemos mobilizar toda a comunidade educativa, uma vez que rompe com hábitos e práticas consolidadas. Contudo, parafraseando Sócrates, entendemos que «O segredo da mudança é concentrar toda a sua energia, não na luta contra o velho, mas na construção do novo». Também pretendemos reforçar a identidade, imagem e serviço prestado junto da comunidade, consolidando e estabelecendo novas parcerias, disponibilizando espaços escolares para utilização desportiva, cultural, lúdica e associativa por entidades públicas, privadas ou grupos informais de jovens, e consolidar a internacionalização do AET com base no projeto Erasmus. Por forma a fomentar o ensino experimental e trabalho de projeto, iremos desenvolver inúmeras atividades no âmbito do clube Ciência Viva (projeto aprovado recentemente), realçando as parcerias com o IPG, Fundação Côa Parque, UBI, UTAD, entre outras. P – Como está o projeto que o Agrupamento viu aprovado este ano ao Programa Erasmus, o que está previsto? R – Concretizado o projeto anterior, que permitiu realizar 10 mobilidades na Croácia, Finlândia, Itália, Espanha e Grécia, mobilizámos a comunidade educativa para novo projeto ainda mais ambicioso. Pressupõe a realização de 30 mobilidades em cerca de dez países, envolvendo alunos, pais, pessoal docente e não docente. Pretendemos ainda dar continuidade aos projetos de eTwinning e potenciar o AET como Escola de acolhimento para “Job Shadowing” (seguir alguém na mesma área de interesse) e grupos de alunos de outros países. _______________________________________________________________________

ARMANDO NEVES

Diretor do Agrupamento de Escolas de Trancoso Idade: 48 anos Naturalidade: Guarda (Sé) Profissão:Professor Currículo: Professor de Educação Física desde 1993; Foi técnico superior de juventude na delegação da Guarda do Instituto Português da Juventude entre 1998 e 2000; Vice-presidente da Câmara de Celorico da Beira entre 2001 e 2005; De 2006 a 2018, paralelamente à atividade docente, colaborou com a Federação das Associações Juvenis do Distrito da Guarda, na qualidade de director executivo; É director do Agrupamento de Escolas de Trancoso desde julho de 2019. Livro preferido: “Mandela: The Long Walk To Freedom Filme preferido: “O Padrinho” Hobbies: Desporto (corrida, bicicleta, natação e outras modalidades)

Sobre o autor

Efigénia Marques

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