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Zona das Muralhas da Covilhã encerrada

Autarquia teme outra derrocada e pede a celeridade do Governo na resolução do problema

Com o receio de uma nova derrocada das muralhas da cidade, a Câmara da Covilhã vai interditar a circulação pedonal por cima do Mercado Municipal e na zona da antiga peixaria. A decisão, baseada num relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), foi tomada na última reunião do executivo para garantir a «segurança» da população e «pressionar o Estado a tomar rapidamente as medidas necessárias para que as pessoas possam circular tranquilamente nessa zona», explica o vice-presidente da autarquia, Alçada Rosa.

Fruto do abandono de décadas, as antigas muralhas da cidade já sofreram dois desmoronamentos nos Invernos de 2000 e 2001, causando inúmeros transtornos aos habitantes que moram nas casas suportadas pelas muralhas e até em alguns dos vendedores do mercado. Só na última derrocada, três blocos de granito de grande dimensão desprenderam-se da estrutura e embateram no telhado da peixaria do mercado municipal. Quase três anos depois, e após obras de reparação, pouco ou nada foi feito para garantir a estabilidade das muralhas. Embora preocupada com o «risco de perigo» para a população, a Câmara adianta que apenas pode «fazer com que as obras sejam feitas o mais rápido possível», visto que qualquer intervenção depende da Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), adianta Alçada Rosa, esperando apenas que o projecto de recuperação feito por esta entidade seja «muito rápido». No entanto, em declarações à Rádio da Covilhã, Lúcia Pessoa, da DGEMN, garante que o processo de consolidação das antigas muralhas «já está pronto» e que será candidatado em breve à unidade de gestão da Acção Integrada de Base Territorial (AIBT) da Serra da Estrela.

As obras de consolidação, que deverão começar no próximo ano, estão orçadas em 600 mil euros, comparticipados em 70 por cento pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), sendo os restantes repartidos pela autarquia e a DGEMN. Segundo explicou Lúcia Pessoa àquela rádio, a intervenção nas muralhas contempla a limpeza das raízes alojadas entre os espaços das pedras, a correcção das fendas existentes e a colocação de equipamento de monitorização para acompanhar o estado da muralha. Apesar de enaltecer a decisão da maioria na Câmara para «prevenir eventuais calamidades», Miguel Nascimento, vereador socialista, condena o facto da reparação das muralhas vir a ser suportada pela AIBT da Serra da Estrela em vez de estar contemplada no Programa de Investimento e Desenvolvimento das Despesas da Administração Central (PIDDAC), visto que a responsabilidade da obra cabe ao Estado. «A muralha é nossa, mas é também um monumento nacional». Daí considerar «fundamental que o PIDDAC a contemplasse de forma séria e o Ministério da Cultura também», defende o socialista, pois, ao ser encaminhada para a AIBT, «pode ter “pernas para andar”, mas vai inviabilizar outra estrutura».

Liliana Correia

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