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: X + -, a fórmula Crato para a Educação

Entrementes

Como homem de contas que é, Crato, o Nuno, resume a educação daqueles que hão de vir a ser o futuro deste país às operações que ele, como eu, aprendeu quando a escola primária objetivava que os petizes, ao sair, soubessem ler, escrever e contar.

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Dividir. Como sempre, desde a ancestralidade de todos os tempos, a intenção é tão clara quanto enviesada: trata-se tão só de dividir para reinar. E agora já nem interessa se estamos a falar de docentes em início de carreira, se daqueles que estão há mais de uma dúzia de anos a contrato com termo certo e que o ministério usa como se fossem meros produtos descartáveis, se mesmo dos outros que, quase em fim de carreira, vêm o “patrão” acenar- lhes com umas notitas para se irem embora de vez.

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Multiplicar. Multipliquem-se leis. Construa-se um edifício legal labiríntico que eles, por mais que tentem, não conseguirão compreendê-lo. Multipliquem-se os papéis a preencher, afoguem-se em burocracias as mais estapafúrdias que, lá pelo meio, eles ainda conseguirão dar umas aulas.

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Somar. Somem-se agora mais umas provas de acesso e teremos a cereja no topo do bolo: ao mesmo tempo que se arrecadam mais uns cobres para agradar à “troika” e à senhora Ângela, ainda se consegue impedir a entrada na carreira de uns milhares sem que isso signifique ser o ministério o mau da fita. Pois se, afinal, os senhores candidatos a professores foram tão estupidamente cábulas que não conseguiram nota para passar, de quem será a culpa?… Deles. Ou não?… Claro que, em simultâneo, se darão umas alfinetadas nas escolas de formação, sejam do ensino politécnico ou do universitário, que andaram a malbaratar dinheiros públicos em vez de ensinar os futuros professores…

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Diminuir. Diminuam-se os dinheiros para investir na educação. Diminuam-se os salários desses salafrários dos professores que estão a levar o país à ruína. Diminua-se o número de turmas aumentando o número de alunos (aqui já vamos em duas operações matemáticas que, por uma vez, não são tão opostas como possa parecer…). Diminua-se o investimento na educação especial que eles, os alunos que dela necessitam, afinal não são mais que uma franja que nem é assim tão importante. Desinvista-se nos percursos escolares diferentes (pode ler-se PIEF, por exemplo). Diminua-se a colocação de técnicos especializados e de assistentes auxiliares que elas, as escolas lá hão de sobreviver.

São estas as contas de Crato, o Nuno. Tal qual as do Ti Zé, que é merceeiro lá na minha rua. A diferença meu caro Crato, Nuno, é que a mercearia é dele, do Ti Zé, e ele cuida de tratar os clientes bem. E aos empregados, que os tem, anda com eles nas palminhas pois sabe bem que, afinal, são eles que o ajudam a construir o futuro…

Por: Norberto Gonçalves

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