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Mitocôndrias e quasares

Na semana passada iniciaram-se as emissões da ointerior.tv, uma web tv que surgiu da parceria entre dois órgãos de comunicação social da cidade (O Interior e a Rádio Altitude). Trata-se de um projecto ambicioso de comunicação on-line, onde as tecnologias de comunicação e informação desempenham um papel fundamental.

Sendo mais do que um mero veículo de contacto e transporte de informação, as tecnologias de informação e comunicação (TIC) apresentam-se como um instrumento para a aprendizagem e a construção colaborativa de conhecimento. As TIC estão a mudar o modo como os indivíduos contactam com o conhecimento científico. Apesar da percepção do papel das TIC, como uma nova forma de construção da compreensão do mundo, ter sido largamente influenciado pelo facto de estas serem apresentadas, principalmente, como instrumentos para gerirem a transmissão de informação e conhecimento, sobrevalorizando os aspectos da sedução na apresentação da informação e desvalorizando a importância da tecnologia, enquanto meio que expande e transforma as capacidades de criatividade no processo de construção e/ou aquisição de conhecimento.

Desde o século XVIII e particularmente na Revolução Industrial, os Países Ocidentais construíram um conjunto de ideias acerca do Mundo e do modo como o pensamos. Recentemente esta mentalidade sociológica global sofreu uma transformação profunda devida ao desenvolvimento e compreensão pelas massas das tecnologias electrónicas digitais e a um novo modo de desenvolvimento “pós-industrial”. Estas alterações conduziram ao surgimento de uma nova forma de encarar o mundo.

A mentalidade sociológica global que emergiu da sociedade “pós-industrial” seguiu dois caminhos paralelos, influenciando várias esferas da sociedade, entre as quais se encontram novos conceitos de literacia. Apesar de algumas semelhanças com a literacia tradicional existem importantes diferenças entre os dois conceitos. Um dos contrapontos mais claros entre a literacia “tradicional” e a “nova” literacia é o local onde se promove, passando do espaço físico dos átomos para o espaço virtual dos bits – o Ciberespaço. Este espaço virtual não vai substituir o espaço físico, apenas deve ser considerado como mais uma dimensão onde os indivíduos possam adquirir uma maior literacia científica.

As novas tecnologias de informação estão a integrar o mundo em redes globais de instrumentalidade. A comunicação mediada por computadores, impulsionou uma gama enorme de comunidades virtuais. Estas comunidades virtuais encontram na Web mais do que uma tecnologia para o acesso e a transmissão de informação de forma que a Web constitui um meio para a construção e transformação da informação em conhecimento. Uma vez que, por um lado, o indivíduo tem acesso à rede de informações e, por outro, porque é um instrumento que permite a contextualização do conhecimento.

Esta ideia afasta da Web a imagem de uma montra digital ou painel de conteúdos. Pelo contrário, propõe que a comunidade online seja espaço de partilha, de exposição das perspectivas individuais entre os pares e da iniciativa conjunta, sendo a rede, o motor, simultaneamente, o objecto dessa mesma construção. Neste sentido, a Web funciona como um interface, em que a rede é orientada para a comunidade e pela comunidade, constituindo, cujo modelo organizacional descentralizado acentua o papel dos seus membros na definição dos objectivos.

Emerge deste processo uma mudança na prática de transmissão de conhecimentos em ambientes virtuais, assistindo-se à transformação da Web 1.0. em Web 2.0., com a possibilidade de a rede constituir não só um suporte para práticas de grupo mas uma interface para a cultura científica na sociedade. Esta interface, mais do que um artefacto tecnológico é um meio para a promoção da cultura científica.

A mais-valia da transformação da primeira geração da internet, onde o principal atributo era a quantidade, para uma segunda geração onde cada indivíduo tem o seu espaço online é a formação de um Web social colaborativo e descentralizado.

Numa rede colaborativa a este nível, possibilita a construção e distribuição de vários conteúdos digitais com o objectivo da promoção da cultura científica. Ferramentas como a Web TV, o Flirck©, Youtube© ou Twitter© constituem uma oportunidade para divulgar conteúdos científicos, aumentando deste modo os níveis de literacia científica.

Por: António Costa

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