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«Vou tentar incutir uma nova mentalidade a todos os agentes desportivos»

Cara a Cara – Guarda

P – Derrotou a lista liderada por João Negrão, que contou com o apoio da Associação de Futebol da Guarda. Não considera que este factor é “meio caminho andado” para que se repitam os problemas que resultaram na saída do anterior Conselho de Arbitragem?

R – Eu e a minha equipa estamos dispostos a dar o melhor de nós para engrandecer a arbitragem, o futebol e a Associação de Futebol da Guarda. Penso que o presidente e a restante direcção da AFG são pessoas inteligentes e certamente quererão o bem do futebol e o engrandecimento da associação. Deste modo, considero que, se eles estiverem com o mesmo espírito, certamente que as nossas relações serão boas, porque iremos pugnar para que tudo corra bem. Agora, isso é uma questão que lhes diz respeito a eles, pois desconheço as suas intenções. Mas penso que se estiverem com o espírito com que eu e a minha equipa estamos vai correr tudo pelo melhor.

P – O facto de ter sido eleito com mais de 40 votos de diferença é uma prova de que os clubes confiam no seu trabalho?R – Elaborámos um programa que fizemos chegar, se não a todos, a quase todos os clubes e muitos dirigentes já me conhecem porque fui árbitro durante 26 anos. Também conhecem a nossa equipa que é multifacetada, com dois observadores, dois ex-árbitros e dois professores de Educação Física. São pessoas com capacidade de trabalho, sérias e trabalhadoras. Os clubes também olharam a isso. Por outro lado, conhecem o meu passado, a minha carreira e sabem que eu sempre respeitei tudo e todos. É claro que também falhei e houve muitas coisas em que errei, mas eles sabem e o meu discurso tem sido sempre o de que o passado é passado. Vamos encarar o futuro com optimismo, vontade de trabalhar e de fazer coisas diferentes.

P – Deixou de ser árbitro no final da última época. Considera que essa experiência pode ser útil para presidir ao Conselho de Arbitragem da AFG?

R – Penso que sim. Ao longo destes anos fui reunindo saberes, experiências e conhecimentos que certamente me poderão ajudar. Agora, é claro que vou precisar da colaboração de todos, clubes, árbitros e agentes desportivos para fazermos um trabalho válido e sério.

P – O que pretende mudar?

R – Vou tentar incutir uma nova mentalidade a todos os agentes desportivos, começando pelos clubes, treinadores e árbitros. A estes vou pedir-lhes que se sacrifiquem e trabalhem mais. Aos clubes vou exigir-lhes tolerância e compreensão, pois a missão do árbitro é difícil. De todos espero que convivam, porque não há problema nenhum que os árbitros convivam com os clubes e vice-versa. Agora, tem que haver respeito mútuo e muita responsabilidade. Quando entram em campo, os árbitros têm que saber que vão para arbitrar e para dar o seu melhor porque os clubes ainda têm três hipóteses – ganhar, empatar ou perder -, enquanto o árbitro só tem uma, que é arbitrar bem e errar o menos possível. É impossível acabar com o erro, mas vamos tentar trabalhar para que errem cada vez menos.

P – Como está a arbitragem no distrito?

R – Está como a nível nacional, há coisas que não estão bem e que têm que mudar. Mas também penso que é uma questão de mentalidade e de motivação. Os nossos árbitros têm que entender que, se trabalharem, forem rigorosos, cumpridores de regulamentos e normas e se treinarem, poderão atingir patamares mais elevados. Tenho dito muitas vezes que se temos campeões noutras modalidades, como o xadrez e o atletismo, bem como um óptimo trabalho nas camadas jovens por clubes como o NDS e o Seia, porque não haveremos de ter árbitros em níveis mais elevados em termos nacionais?

P – Sempre se falou muito em corrupção no futebol distrital. Na sua opinião, ela existe mesmo?

R – Não posso responder a essa questão porque isso compete às entidades próprias. Se há ou não, não lhe posso dizer. Isso é um assunto que me passa um bocadinho ao lado. A partir de agora, vou tentar é que os nossos árbitros sejam correctos, sérios e rigorosos. O passado é passado e vamos encarar o futuro com optimismo.

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