«Votos no PSD não terão utilidade»

«Os votos que forem para o PSD não terão utilidade, porque o candidato já não se assume quando diz que não está disponível para colaborar na oposição». A meio da campanha, Joaquim Valente considerou que vai ganhar estas autárquicas e procurou capitalizar a declaração de Crespo de Carvalho a O INTERIOR (ver edição anterior), quando afirmou que não será vereador se perder as eleições de domingo.

A citação foi recorrente nas várias sessões de esclarecimento realizadas na última segunda-feira pela candidatura socialista à Câmara da Guarda, mas no Marmeleiro, uma freguesia do PSD – onde a actual presidente, Tânia Cameira, se recandidata tendo como adversário Paulo Teixeira – o cabeça-de-lista independente apoiado pelos sociais-democratas foi acusado de «fugir às suas responsabilidades». É que Joaquim Valente fez questão de dizer que «a actual oposição do PSD no executivo apresentou muitas propostas na Câmara e nós votámos algumas. Mas para se ser oposição tem de se estar lá», referiu, perante as cerca de 30 pessoas que marcaram presença no salão da localidade. Fazendo o elogio da «colaboração e do entendimento», o candidato/presidente apelou depois ao voto «naqueles que podem trabalhar em prol do Marmeleiro», prometendo trabalhar «com quem quer trabalhar connosco». Joaquim Valente garantiu ainda que a sua candidatura «não é contra ninguém» e declarou «não ter culpa que muitos presidentes de Junta não se revejam no candidato que o PSD escolheu, pedindo-lhe até que não apareça nas suas freguesias».

Mas o actual autarca também tem um problema no Marmeleiro, onde foi recebido com alguma frieza. E não é para menos, ali faltou a água neste Verão e foi necessário abastecer a população com auto-tanques dos bombeiros. Alguns dos presentes manifestaram o seu descontentamento pelo sucedido e não aceitaram as explicações do vereador Vítor Santos, também administrador dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS). «Têm ouvido muita coisa sobre o que se passou neste Verão. Eu estou aqui, cara-a-cara, para vos dizer a verdade», começou por declarar, estranhando que a actual Junta «só se tenha preocupado com o problema da água a meio de Agosto, quando faltou nas torneiras». O número quatro da lista de Joaquim Valente insistiu que «nunca ninguém nos interpelou antes para saber o que se estava a fazer» e garantiu que a empresa Águas do Zêzere e Côa já candidatou as infraestruturas de abastecimento e saneamento da zona (que, além do Marmeleiro, abrange Monte Brás, Penedo da Sé e Quinta de Gonçalo Martins) ao Quadro de Referência Estratégico nacional (QREN).

«As máquinas estarão no terreno no primeiro semestre de 2010», afiançou Vítor Santos, sendo interrompido de imediato por um dos presentes: «Aldrabão sou eu e não minto tanto», disse do fundo da sala. As vozes exaltaram-se um pouco, mas as palmas dos apoiantes de Valente sobrepuseram-se aos protestos. No entanto, só o candidato conseguiu serenar a assistência, apelando a que «não se julguem quatro anos de trabalho por uma pequena questão». Já no final – e com a situação totalmente controlada – chegou a vez do público intervir, ocasião para um habitante perguntar pelo que terá em troca o Marmeleiro se votar no PS. Na resposta, o candidato evitou comprometer-se muito: «Assumimos, consoante as disponibilidades financeiras, concretizar as necessidades maiores para a freguesia. Eu penso que são as acessibilidades», disse, esclarecendo logo que «não estou a dizer que faço, mas que posso fazer consoante as verbas e as candidaturas».