Arquivo

Voo para a história

Etapa da Taça do Mundo de Parapente confirmou Vale do Zêzere como um dos melhores locais da Europa

A última etapa da Taça do Mundo de Parapente, que terminou no sábado em Sameiro (Manteigas), vai ficar para a história. Para além das excelentes condições do Vale do Zêzere para a modalidade, os especialistas e participantes consideraram a última manga como uma das melhores de sempre deste campeonato e «claramente» a melhor do ano. O alemão Torsten Siegel foi o grande vencedor da competição serrana, enquanto o suíço Christian Maurer conquistou a Taça do Mundo ao assegurar o terceiro lugar da geral. Nas mulheres, a vitória sorriu à alemã Ewa Wisnierska.

A estreia da Serra da Estrela nesta prova não será esquecida tão cedo. O local proporcionou todas as direcções de vento e excelentes correntes térmicas, que permitiram, por exemplo, subir diariamente aos 3.500 metros. Uma altitude que muitos pilotos agradeceram dadas as elevadas temperaturas registadas durante a competição. Melhor só mesmo o facto destas características únicas terem viabilizado inúmeras opções tácticas nesta autêntica corrida de velocidade em que os parapentistas se perseguem entre balizas pré-estabelecidas até ao final. «É como no ciclismo. Cada um está por si e quer distanciar-se dos adversários o mais rapidamente possível até à meta», explica Vítor Baía, responsável pela organização e seleccionador nacional de parapente. A Taça do Mundo disputa-se na vertente de distância balizada e neste caso apenas três mangas, de 65, 85 e 100 quilómetros, contaram para a classificação final. As restantes foram anuladas devido ao vento e ao grande incêndio que lavrou na semana passada nas encostas da serra. «A pontaria nas datas não foi a melhor, mas deu para os pilotos irem daqui satisfeitos», garante. Impressionante foi mesmo a derradeira manga de 100 quilómetros, em que pouco mais de 50 pilotos chegaram ao golo (termo técnico para o local de aterragem).

Vítor Baía garante que o Vale do Zêzere acabou por surpreender os participantes, 132 vindos dos quatro cantos do mundo. «Acharam o local fantástico e elogiaram a organização pela sua eficácia na recolha e a segurança à volta da prova», destaca o responsável, para quem Manteigas ganhou galões na alta competição internacional com esta prova. «Alguns dos pilotos acham mesmo que estamos à altura de um evento de maior envergadura e vão propor à federação que o Vale do Zêzere seja futuramente o palco de uma super-final do ano», revela. Contudo, a organização, a cargo da Escola de Parapente da Serra da Estrela, sediada no Skiparque, e da “Geração Sem Limites”, não descarta a possibilidade de realizar uma prova internacional no próximo ano, enquanto prepara uma nova candidatura à Taça do Mundo. «A partir de agora vai ser mais fácil candidatar o Vale do Zêzere, resta saber se os apoios nos acompanham», admite Vítor Baía, que destacou ainda a prestação dos pilotos portugueses. O melhor na geral foi Diogo Pires (26º), muito à frente de Américo Sousa (35º), que se sagrou campeão nacional de parapente na segunda edição do Open da Serra da Estrela, disputado há 15 dias em Manteigas. «Tiveram um excelente comportamento», garante o também seleccionador nacional.

Luis Martins

Sobre o autor

Leave a Reply