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Vítor Bento defende que é preciso «refundar o regime e rever a Constituição»

O economista e conselheiro de Estado Vítor Bento defendeu, ontem, numa conferência em Coimbra, a necessidade de «refundar o regime e rever a Constituição».

Vítor Bento advogou esta perspetiva depois de apelar para que não sejam feitas leituras conotadas das suas palavras e no âmbito da estratégia que, no plano político, em seu entender, Portugal deve adotar. «A nível político, precisamos de um pacto político-social», o que «implica refundar o regime e rever a Constituição, de forma a conciliá-la com as necessidades» de satisfazer «aspirações sociais, dentro do regime monetário do euro e com o regime político da democracia», afirmou.

O presidente do Conselho de Administração da sociedade gestora da rede Multibanco portuguesa (SIBS) não está, no entanto, «muito otimista» sobre esta possibilidade «porque, de facto, a algazarra em toda a discussão» e «tendo lugar, sobretudo, na praça pública, não augura nada de bem neste sentido». Contudo, Vítor Bento – que se afirma um «pessimista aberto à esperança» – acredita que «o bom senso» prevalecerá, mas, adverte, «este é um desafio que diz respeito a todos nós, todos estamos envolvidos» nele.

Portugal está confrontado com «muitos desafios», considerou o economista, durante a mesma sessão do “Ciclo de Conferências Quintas na Quinta”, promovido pela Fundação Inês de Castro, salientando dois. Na sua opinião, o nosso país precisa de «conciliar democracia e estabilidade financeira», lembrando que «não temos história de estabilidade financeira em democracia». E insistiu: «Não podemos viver sem estabilidade financeira e julgo que não queremos viver sem democracia».

O outro «grande desafio» passa pela conciliação das «preferências sociais com as exigências do regime monetário europeu» – e, frisou, um e outro têm de ser resolvidos, para além do plano político-social, também no «campo cultural». Uma cultura «não se muda em menos de uma geração», reconheceu o conselheiro de Estado, mas «podem criar-se instituições que limitem os efeitos mais perniciosos das escolhas de uma determinada cultura», que «orientem de forma mais conveniente as preferências sociais». Tais instituições, exemplificou Vítor Bento, podem ser «mecanismos que limitem efetivamente os défices públicos, o endividamento público», que limitem a escolha entre «o descalabro financeiro outra vez e a orientação para a racionalidade».

Comentários dos nossos leitores
T.Farias tafcoa@sapo.pt
Comentário:
O que é refundar o Regime? Que responsabilidade teve a Constituição no endividamento do Estado? Seria bom que o Sr. Conselheiro do Estado explicasse isso aos portugueses em vez do bla bla bla, que nada diz… Apenas palavras e só palavras que valem o que valem!
 

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