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Vítima de acidente paga teste de despitagem de drogas no hospital

Devido à falta de “kits” próprios, a GNR levou sinistrado ao Sousa Martins em vez de realizar o teste no local do acidente

Uma das pessoas envolvidas num acidente de viação que ocorreu na passada semana perto do nó de Pínzio (Pinhel), na A25, não só foi obrigada a deslocar-se ao Hospital Sousa Martins para realizar o teste de despistagem de drogas, como esperou cerca de três horas para fazer as respectivas análises e, no fim, ainda teve de as pagar, apurou O INTERIOR. Isto porque a GNR não dispunha, no momento em que acorreu ao sinistro, dos habituais “kits” usados na estrada para detectar se os condutores estão sob o efeito de estupefacientes.

A situação envolveu um homem que não tinha quaisquer ferimentos e que foi levado por elementos do Destacamento de Trânsito à unidade hospitalar – onde deram entrada os três feridos do acidente. Cunha Rasteiro, do comando territorial da Guarda, diz desconhecer o caso. «Não tenho de momento conhecimento de qualquer situação em que tenha sido necessário levar alguém ao hospital para realizar o teste de despistagem de droga», reage. «Há efectivamente a obrigatoriedade de o efectuar sempre que ocorra um acidente que envolva mortes ou feridos graves», acrescenta o major. O oficial assegura que a questão da falta de aparelhos nem se coloca e que há até «quantidades assinaláveis» à disposição. «Recebemos cerca de duas centenas em Agosto», revela.

Para Cunha Rasteiro, apenas uma situação poderá estar na origem desta situação: «Acontecerá se estivermos, eventualmente, à espera da chegada de mais “kits” e os que tivermos na nossa posse tenham ultrapassado já o prazo de validade. Isso significará que não teremos “kits” durante dois ou três dias», exemplifica.

«Mas se o Destacamento de Trânsito precisar e não tiver poderá sempre recorrer ao comando de Pinhel ou de Vilar Formoso, por exemplo», afirma o major, acrescentando que a existência de conjuntos fora da validade evidencia que «não há qualquer problema de escassez». Este responsável ressalva que os militares podem optar por realizar o teste em meio hospitalar «quando o condutor está ferido». «Como precisa de cuidados médicos, acaba por ser mais prático fazê-lo na unidade de saúde», explica. No que toca ao pagamento das análises, «o condutor só o fará quando solicitar a contra-prova e o resultado for positivo», esclarece Cunha Rasteiro. Esta não terá sido a situação verificada na passada semana, quando um automobilista sem qualquer ferimento foi obrigado a fazer os testes no hospital e a pagar as respectivas análises antes de seguir viagem.

Ainda de acordo com Cunha Rasteiro, «são realizados mensalmente cerca de 10 testes», sendo que este ano ainda não há qualquer registo de detenções por condução sob o efeito de drogas. «Além dos casos em que há acidentes de viação com mortos ou feridos graves, a despistagem é realizada durante as acções de fiscalização somente quando há uma suspeita clara de que o condutor consumiu estupefacientes», sublinha. A GNR e a PSP começaram a fiscalizar o consumo de drogas na estrada há três anos. Os equipamentos utilizados permitem detectar, através da saliva, quatro grupos de substâncias estupefacientes: anfetaminas e matanfetaminas, opiácos, cocaína e cannabis. Cada um dos “kits” dá para apenas uma utilização. O INTERIOR tentou obter alguma explicação junto do responsável do destacamento de trânsito da GNR, mas até ao fecho desta edição tal não foi possível.

Cunha Rasteiro garante que há «quantidades assinaláveis» de “kits” à disposição dos militares

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