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Vista de um ponto

A campanha eleitoral para as Eleições Presidenciais do próximo dia 23 está definitivamente intoxicada. Para tal, tem exclusivamente contribuído a introdução de dois temas, o BPP e o BPN. Com isto, apenas se tem pretendido desviar a atenção dos portugueses daquilo que é a triste realidade, impedindo que o debate se desenvolva em torno de ideias, de projectos e de uma visão consistente sobre aquele que deve ser o caminho a percorrer para o país sair do pântano em que se encontra.

Perante esta constatação, devemos inquirir-nos no sentido de saber a quem interessa tal rumo de debate político.

Aos candidatos não interessa garantidamente. Não se compreende que se queiram manchar na honorabilidade dois políticos cuja seriedade está acima de qualquer dúvida. Daí também não se compreender como é que Manuel Alegre envereda por um tipo de actuação que não tem histórico na sua forma de estar na política.

Contudo, existem interessados em que a campanha tenha este tipo de desenvolvimento.

Desde logo interessa ao Governo que julga que, enquanto se discutem os “faits divers” do BPP e do BPN, não se debate a grave situação económica do país. Contudo, a realidade do dia-a-dia é tão dura que ninguém se pode alhear dela.

Por outro lado, interessa à esquerda radical. Àqueles políticos que cavalgam na demagogia, apenas dizendo mal de tudo e de todos, sem apresentarem qualquer visão coerente de uma politica global de desenvolvimento para o país, apenas na tentativa de captar o voto de alguns descontentes.

Finalmente, é do interesse dos “famigerados mercados” que, com o triste espectáculo que vamos proporcionando, vão somando dividendos à custa do empobrecimento de todos nós. Enquanto a irresponsabilidade politica se contínua a manifestar ao seu melhor nível, os “diabólicos mercados” esfregam as mãos de satisfação, elevando os níveis dos juros da dívida pública portuguesa para níveis incomportáveis. Tão incomportáveis que é a imprensa estrangeira que se dá ao privilégio de anunciar a iminente intervenção do FMI em Portugal. E não vale a pena desvalorizar as notícias da “Der Spiegel”, pois também a imprensa portuguesa fez questão de anunciar a intervenção na Irlanda, apesar dos insistentes desmentidos feitos pelo respectivo Governo. Por isso não nos iludamos, o FMI está aí, e esse facto terá o peso que merece ter no próximo acto eleitoral, por muito que o procurem ocultar.

Henrique Monteiro, Guarda

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